A cantora Elza Soares morreu em 20 de janeiro de 2022, aos 91 anos. De acordo com a assessoria da artista, ela faleceu em casa, no Rio de Janeiro, de causas naturais. Em mais de 60 anos de carreira, ela se consolidou como um dos maiores nomes da música brasileira.
Elza Soares nasceu na Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, no Rio de Janeiro. Filha de pais humildes, ela passou por diversas dificuldades. Aos doze anos de idade, foi obrigada por seu pai a abandonar os estudos para se casar com um homem que havia tentado abusar dela. Pouco depois, teve o primeiro filho.
O segundo filho de Elza morreu de fome quando a futura cantora tinha apenas 15 anos. Com o marido doente, diagnosticado com tuberculose, ela passou a trabalhar como encaixotadora e conferente em uma fábrica de sabão. Elza também trabalhou em um manicômio, o Instituto Municipal Nise da Silveira. Com a recuperação do marido, ele a proibiu de trabalhar fora.
Quando tinha 21 anos, Elza ficou viúva e trabalhou como faxineira. Em 1953, ingressou na vida artística ao fazer o seu primeiro teste na Rádio Tupi, no programa de calouros Ary Barroso, tendo ficado em primeiro lugar. No início da carreira, também trabalhou na Orquestra Garam Bailes, como crooner, até 1954. Em 1959 foi contratada para trabalhar na Rádio Vera Cruz.
Um de seus primeiros sucessos foi a música “Se Acaso Você Chegasse”, em 1959. A partir daí, sua carreira deslanchou, com discos como O samba é Elza Soares (1961), Sambossa (1963), Na roda do samba (1964) e Um show de Elza (1965). No mesmo período, ela iniciou um relacionamento com o jogador de futebol Garrincha.
A relação de Elza com Garrincha começou de forma tumultuada, porque o atleta era casado. Durante muito tempo, ela foi perseguida, acusada de ter sido a amante que deu fim ao matrimônio do ídolo. Depois de algum tempo, Garrincha se divorciou e casou-se com Elza, com quem teve um filho. Depois que se aposentou dos gramados, o jogador passou a beber e a agredir a cantora.
Nos anos 70, Elza se dedicou a cantar o samba mais tradicional. Esse período rendeu sucessos como “Salve a Mocidade” (Luiz Reis, 1974), “Bom dia, Portela” (David Correa e Bebeto Di São João, 1974), “Pranto livre” (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e “Malandro” (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).
Em 1982, após dezesseis anos turbulentos, o casamento de Elza e Garrincha. No ano seguinte, ele morreu de cirrose hepática. No início daquela década, ela passou por um período de ostracismo, mas voltou à ribalta após participar da gravação do samba-rap “Língua”, de Caetano Veloso. Depois disso, ela reinventou a sua carreira e conquistou um novo público.
Além do samba, Elza se aproximou do jazz, da música eletrônica, do hip hop e do funk ao longo de 34 discos gravados. Cercada por músicos da nova geração, em 2015 a cantora lançou o aclamado álbum A Mulher do Fim do Mundo. Seu último disco foi Planeta Fome em 2019. Coincidentemente, ela morreu na mesma data da morte de Garrincha, 39 anos depois.
Fonte: History Uol