Em 2012, nascia no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), um programa destinado a despertar o interesse e incentivar a participação de meninas e mulheres nas carreiras científicas e tecnológicas. Passados 12 anos, o Futuras Cientistas cresceu e, em 2023, abriu as portas do mundo da ciência para 470 estudantes do Ensino Médio e professoras de escolas públicas no CNPEM, Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), além do Cetene. Todas essas instituições são unidades de pesquisa do MCTI.
No CNPEM, por exemplo, 20 jovens estudantes estão aprendendo nanotecnologia de prata já no primeiro módulo do Futuras Cientistas, que ocorre em janeiro – mês de férias escolares. Uma dessas alunas é Raquel Rodrigues, de 16 anos, que teve o primeiro contato direto com as partículas de nanotecnologia. “Estou aprendendo coisas novas com o objetivo de ajudar pessoas direta ou indiretamente”, disse Raquel, que pretende dar continuidade aos estudos científicos.
Professora da rede pública, Tauane Vaccas acompanha as alunas nesta fase inicial. Ela conta que o projeto é uma maneira fácil de divulgar a ciência e incentivar as meninas a seguirem a formação científica. “Aqui no CNPEM, trabalhamos com nanopartículas de prata e sintetizamos para uma atividade microbiana, que é muito importante para divulgar a ciência.”
A pesquisadora do CNPEM, Verônica Teixeira, faz uma análise desse primeiro contato das meninas com as atividades e afirma que é possível meninas e mulheres fazerem ciência no país. “É muito gratificante acompanhar essa dinâmica com as alunas. Elas ficam nos laboratórios e vivenciam o cotidiano científico”, destacou.
O último encontro presencial de estudantes e professoras do programa Futuras Cientistas no Instituto Nacional de Tecnologia (INT) foi realizado na última quinta-feira (19). Na unidade de pesquisa localizada no Rio de Janeiro, o grupo de nove meninas e mulheres vivenciou as atividades dos laboratórios durante duas semanas. Alunas e professoras acompanharam as aulas experimentais nas áreas de nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia de materiais poliméricos.
A exemplo do CNPEM, o primeiro módulo do programa, de iniciação científica, acontece, tradicionalmente, nas férias escolares de janeiro. A estudante Marjorye Carneiro, 18 anos, acredita que, além de adquirir mais conhecimentos, a experiência foi muito gratificante. “É incrível esse contato com a microscopia e biologia, uma área diferente da que eu estudo”, disse a jovem que cursa o ensino técnico de nutrição.
Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Giovanna de Oliveira também gostou da oportunidade. “Estou aprendendo sobre polímeros e impressão 3G. Isso é muito inovador. Seria muito legal se mais meninas se interessassem pela ciência e fizessem essa imersão no INT.”
Meninas na ciência – Idealizadora do Futuras Cientistas, a diretora do Cetene, Giovanna Machado, avalia que o contato das meninas com a ciência ajuda a reduzir a disparidade de gênero na área. “O programa tem uma importância fundamental na inclusão de meninas de escolas públicas. Estamos falando de uma inclusão social em relação à parte de pesquisa e desenvolvimento”, ressaltou.
“O Futuras Cientistas tem essa aproximação entre meninas e professoras de escolas públicas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Nós estamos atingindo uma grande diversidade levando ciência, tecnologia para todos. Porque afinal, ciência e tecnologia são de todos e para todos”, complementou Giovanna.
Dividido em quatro módulos, o programa realiza a primeira fase nas férias de verão, quando acontece a imersão científica, que tem carga horária de 80 horas, seguida de um módulo de grupo de estudos, de 20 horas. Nestes dois primeiros módulos, as alunas são apoiadas com bolsas de estudos no valor de R$ 483, além do kit com os materiais necessários para a realização dos experimentos. As fases seguintes são realizadas quando a participante já está no nível superior.
“O módulo dois está voltado a um banco de estudos que acontece nos meses de agosto, setembro e outubro, e as meninas selecionadas terão professores que vão administrar aulas e prepará-las para a prova do Enem. O terceiro módulo é um trabalho de mentoria com alunas que são aprovadas nas universidades. O objetivo é evitar a evasão em cursos em que predominam alunos do sexo masculino”, explica Giovanna.
Ela acrescenta que o último módulo é a parte da iniciação científica e do estágio. “Então, nós fechamos um ciclo de quatro módulos que interagem e fecham um ciclo de acompanhamento da menina”, conclui a diretora do Cetene.