De vendedora de roupa a presidente da Câmara de Vereadores: o caminho de Yanny até a vida pública

Mesmo eleita vereadora e presidente da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, Yanny Brena, 26 anos, morta na semana passada, dava plantões como médica. Em bairros periféricos de Juazeiro do Norte, ela fazia isso de forma voluntária. A dedicação ao trabalho era uma das características de Yanny. Antes de entrar para a política e mesmo de cursar Medicina, ela foi vendedora de roupas.

Há registros de que ela tenha trabalhado com vendas de peças femininas pelo menos entre 2015 e 2017. Yanny não tinha loja. Vendia pela internet. Usava as redes sociais como vitrine e era a sua principal modelo.

A cada look postado, seguidoras que se interessavam perguntavam preço, tamanho. Yanny respondia a todas, não perdia oportunidade. A peça mais vendida custava R$ 50: camisetas com estampas diversas, roupa que ela preferia chamar de T-shirt, o termo em inglês. O apreço pelo idioma estrangeiro era outra característica dela: muitas publicações ganhavam legendas na língua inglesa.

YANNY FOI VÍTIMA DA VIOLÊNCIA QUE TRABALHAVA PARA COMBATER?

A ascensão econômica e política do irmão, o deputado federal Yury do Paredão (PL), realmente parece ter contribuído para Yanny ter oportunidade em profissões mais rentáveis. Yury é um empresário do entretenimento próximo a nomes do estrelato forrozeiro como Wesley Safadão e Jonas Esticado. Mas o apoio do irmão só teve resultado porque Yanny manteve a dedicação de quando vendedora.

No primeiro ano como parlamentar trabalhou discretamente. No segundo, trilhou a disputa pela presidência, vencendo um político experiente que desistiu de tentar a reeleição diante do poderio da jovem. Empossada presidente, Yanny acelerou a dedicação ao trabalho. Tinha projetos.

“Quero criar uma escola do legislativo, com cursos gratuitos, inclusive para os vereadores. Curso de oratória, por exemplo”, citou em entrevista à TV. A agenda da presidente era cheia. Yanny tinha mais projetos.

“Ela queria conhecer o movimento das pessoas com autismo, o movimento LGBT+ e também o das mulheres”, afirmou o professor Gilney Matos, presidente do Conselho LGBT do Crato.

Um dos projetos de Yanny era a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal. A instituição receberia, examinaria e encaminharia aos órgãos competentes denúncias de violência a mulher, dentre outras atividades.

Yanny estava atenta ao tema. A procuradoria seria lançada ainda neste mês, que é marcado pela luta pelos direitos das mulheres. Infelizmente, a jovem foi vítima da violência doméstica que trabalhava para combater.

A principal linha de investigação da Polícia Civil é de que Yanny foi assassinada pelo namorado, o atleta de vaquejada Rickson Pinto, 27, que teria tirado a própria vida depois. Os dois foram encontrados mortos na sexta-feira (5) na casa onde moravam, em Juazeiro do Norte.

Fonte: Diário do Nordeste

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