Morre Telma Tãmba Tremembé, escritora e artesã indígena cearense

Grande perda para a cultura indígena brasileira. A escritora e artesã Telma Tãmba Tremembé faleceu neste domingo (19), aos 50 anos. Ela pertencia à etnia Tremembé de Almofala, em Itarema (CE), e era conhecida sobretudo por ser referência para o movimento dos povos originários no Estado e em todo o país.

Telma atuou em diversas frentes, sempre considerando a cultura como norte. Ela era contadora de histórias, mediadora de leitura e técnica de Contabilidade com noções em Direito. Além disso, ganhou medalhas de Honra ao Mérito e Liderança, e integrava o Fórum das Comunidades dos Povos Tradicionais do Ceara – Focoptrace.

Inspirada nas pessoas de grande sabedoria e que não haviam sido alfabetizadas, Telma escreveu “Livro sem letras: Territórios dos Povos Indígenas do Ceará”, publicação em duas partes que visa propor o diálogo sobre a história dos povos indígenas do Ceará a partir de desenhos pintados à mão pela própria autora. A obra acompanha o livro explicativo, com conteúdo textual.

 

“Este livro é uma árvore gêmea, que vai dar muitos frutos de esperança e felicidade para mim, para quem lê e para quem não sabia que ia ler um livro sem saber ler letras”, disse a escritora à época do lançamento do trabalho.

A Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará publicou nas redes sociais: “Os conhecimentos imemoriais e as referências nos modos de vida indígena sempre foram preocupação da escritora que escreveu ‘Livro sem letras’, ‘Raízes do Meu Ser” e é referência para os povos indígenas do Ceará”.

“A Sepin/CE lamenta profundamente a perda e manifesta sua solidariedade ao povo Tremembé e aos seus familiares”, continuou a nota.

FORTE ATUAÇÃO

Secretária dos Povos Indígenas do Ceará, a Cacika Irê do Povo Jenipapo-Kanindé, Juliana Alves, também expressou pesar pela partida de Telma. Nas redes sociais, a gestora destacou o quanto a atuação da indígena se tornou referência para ela.

“Telma é uma grande referência pra mim e certamente para o movimento indígena do Ceará e do Brasil. Uma mulher à frente do seu tempo, grande líder e escritora”.

Por sua vez, Jean dos Anjos, macumbeiro, fotógrafo e antropólogo, escreveu: “Telma Tremembé me ensinou que a luta exige alegria. Sua generosidade sempre foi marcante. Agora ela é ancestral e será lembrada como uma importante mulher indígena do nosso tempo. Que privilégio o meu ter vivido perto dela”.

Em novembro de 2019, o Diário do Nordeste mencionou Telma Tãmba Tremembé na matéria sobre o seminário “Cosmopolíticas indígenas: desconstrução da colonialidade”, ocorrido no Porto Iracema das Artes. Na ocasião, ela esteve à frente do relato “Resistência indígena Tremembé através do artesanato e da literatura”. 

 

Fonte: Diário do Nordeste

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.