Cientistas querem acompanhar eventuais alterações no ecossistema. Para isso, 14 gravadores foram instalados para captar os sons do bioma
Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) instalaram gravadores na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais, para o monitoramento bioacústico da biodiversidade. Um total de 14 equipamentos foi instalado nos troncos das árvores ou em estruturas preexistentes para capturar os sons. Os cientistas querem monitorar a intensidade do som, os grupos presentes na comunidade, como aves, insetos, anfíbios e mamíferos, e os sons gerados por fenômenos naturais, como a chuva e o vento.
“A pesquisa também prevê a capacidade de detectar fenômenos que envolvem a fauna, a flora e o clima da biodiversidade do bioma”, explicou o pesquisador Emiliano Ramalho, que é diretor técnico-científico do Instituto Mamirauá e coordenador do projeto Providence.
O Providence é uma tecnologia que monitora a biodiversidade de maneira automatizada, permitindo a captura de sons e de imagens, e a classificação das espécies. “O Providence utiliza a bioacústica para identificar as espécies e gerar índices de diversidade acústica de uma forma automatizada. Ela está sendo implementada na calha inteira do Rio Amazonas”, afirmou Ramalho.
Segundo ele, em junho, serão recolhidas as primeiras gravações realizadas na Serra do Cipó. “Caso este estudo tenha sucesso, vamos implementar esse protocolo em outras unidades de conservação do Brasil.”
De acordo com o biólogo Ivan Braga, do ICMBio, a parceria com o Instituto Mamirauá é estratégica. “A pergunta que queremos responder é se as unidades de conservação federais estão sendo efetivas na conservação da biodiversidade”, disse, acrescentando que as informações coletadas vão permitir a identificação de tendências de longo prazo, mas também de variações bruscas na comunidade, o que pode servir de alerta sobre alterações no ecossistema.