Recorte especial da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que, no mês de setembro, 432 mil pernambucanos possuem dívidas com cartão de crédito, financiamentos, carnês, crédito pessoal, entre outros. Paralelamente, 183 mil pernambucanos estão inadimplentes.
O Recorte local, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), mostra que o endividamento exerce impacto negativo na receita mensal das famílias, reduzindo seu poder de compra, sobretudo em relação a produtos não duráveis, como alimentação. Além disso, a inadimplência acarreta despesas adicionais, como juros, mora e multas, ampliando as dificuldades financeiras, especialmente para consumidores que possuem renda mais baixa.
Os tipos de dívidas mais frequentes entre as famílias pernambucanas de menor renda são o cartão de crédito (96,4%), seguido por carnês (30,1%) e crédito pessoal (6,5%).
O tempo médio de comprometimento do orçamento familiar com dívidas em Pernambuco é de 8 meses, enquanto o tempo médio de contas em atraso é de 61 dias no estado, ante 62 dias quando observamos todo o Brasil. Quando os devedores se encontram em situação de inadimplência por muito tempo, confrontam-se com desafios financeiros que reduzem significativamente sua capacidade de gasto, seja em consumo final ou investimentos. Já as empresas podem se deparar com entraves no fluxo de caixa, provocando uma desaceleração econômica.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, destaca que: “No mês de setembro, conforme indicado pela PEIC, ocorreu um aumento de 27,9% para 35% no número de pessoas endividadas com contas em atraso nos últimos 12 meses. Ao contrastarmos essa porcentagem com a situação dos endividados em todo o Brasil, nota-se que enquanto os níveis de endividamento em Pernambuco permaneceram estáveis, a taxa nacional de endividados apresentou uma redução em relação ao mesmo período do ano anterior, influenciado principalmente pela alta taxa de desemprego no estado”.
Sobre a pesquisa:
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi publicada na terça-feira (10/10). A pesquisa ganhou um recorte especial para o estado de Pernambuco, feito pela Fecomércio-PE.
A PEIC considera que o endividamento das famílias refere-se a contas ou despesas contraídas com cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóveis, prestações de carros e seguros. Na pesquisa, as estimativas também diferenciam dois grupos de renda: famílias com renda de até 10 salários mínimos e famílias com renda superior a esse patamar. O objetivo da pesquisa é diagnosticar o nível de endividamento e inadimplência do consumidor. Também são apurados o percentual de inadimplentes, a intenção de pagar dívidas em atraso e o nível de comprometimento da renda.
A PEIC define, ainda, que a potencial inadimplência é a expectativa dos devedores de não pagarem suas dívidas no mês subsequente ao levantamento. Já o atraso no pagamento (inadimplência) é o ato de não cumprir efetivamente os compromissos assumidos com o endividamento.
A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua relação com a capacidade de pagamento, informações importantes para a tomada de decisão dos empresários do comércio. Quando a inadimplência ocorre é comum observar uma desaceleração no consumo, o que afeta, principalmente, pequenas empresas do setor do comércio e serviços.