Apresentou um panorama da infraestrutura de abastecimento e de esgotamento sanitário, segmentos que prometem chegar mais próximos da população.
A negativa ao tema da privatização da concessionária pública, perspectiva abordada há bastante tempo, é o ponto de partida das observações feitas por Campos.
Ele se debruça sobre a expertise adquirida pelo órgão, ao longo de mais de cinco décadas, atuando na produção, tratamento e toda condução até chegar às torneiras dos cidadãos.
“É uma possibilidade que não existe, até pelo fato de ser extremamente inviável. O custo é extremamente alto”, complementa o gestor, detalhando gastos de R$ 30 milhões em energia e mais R$ 14 milhões em produtos químicos utilizados.
Pernambucano, mas com carreira construída em Brasília, o advogado Alex Campos assumiu a cadeira principal da Compesa após passagem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com participação, inclusive, nas tratativas para aprovação e disseminação das vacinas, durante a pandemia da Covid-19.
A missão destinada a ele integra um dos polos estratégicos do governo Raquel Lyra (PSDB), que busca lançar mais obras e fortalecer eixos estruturais neste setor.
Veja os principais tópicos da entrevista
Investimentos
“Teremos R$ 1,1 bilhão em empréstimo, já aprovado. Conhecemos bem o negócio e não vamos nos distanciar dele. Nosso trabalho agora é reduzir as desigualdades, garantir o direito de todos ao acesso à água, ao esgoto digno, chegando também nos locais mais difíceis, como as áreas de morro e comunidades. Tudo isso passa pelos esforços para a redução do rodízio, mais qualidade no produto final entregue e mais disponibilidade. Hoje, temos uma realidade muito difícil de racionamento, com 50% da água perdida durante o processo, incluindo os desvios e falhas na rede. É o pior balanço hídrico do país. O pernambucano tem menos água do que qualquer outro brasileiro e isto precisa ser mudado. A boa notícia é que a gente está com toda a força concentrada em obras como a Adutora do Agreste, um sistema que tem o propósito de trazer solução em áreas que tenham problemas crônicos de água. A nossa tarefa diária é de buscar água muito longe para chegar à casa das pessoas e elas não sabem disso. Fazer girar toda essa roda é uma operação economicamente muito onerosa e que não atrai a iniciativa privada. Estamos testando os ramais adutores, observando o fluxo, inspecionando extravasamentos ou qualquer problema operacional. Neste exemplo, a nossa previsão é de chegar em Caruaru já agora em dezembro e nos demais pontos no decorrer do primeiro semestre”.
Privatização
“Repito que privatização é um termo fora do nosso dicionário. Eu poderia fazer aqui uma comparação simples, para ser melhor entendido, com o serviço de transporte coletivo. É operado por empresas privadas, mas não deixa de ser público. Ele é concedido. O usuário utiliza ônibus privados, mas existe uma regulação para garantir preço, qualidade, itinerários, atendimento e tudo que seja ofertado ao cidadão. São ações para aparar as arestas, ampliar e fazer o melhor. Ainda nos deparamos com lugares em que a falta d’água é uma situação de verdadeiro terror. A concessão é um instrumento que também busca reduzir isto. Nem dá para falar em rodízio em um local onde o intervalo chega a 60 dias. A coisa é para ser mudada de verdade. Porque, no meio de tudo isso, tem algo chamado marco do saneamento, que obriga metas de universalização até 2030. A Compesa está se preparando bem para isso, mas para garantir tudo é necessário investir cerca de R$ 20 bilhões. Hoje temos, na Região Metropolitana, mais de 90% do abastecimento e 50% de cobertura do esgotamento. Quando pensamos no Interior, essa fatia vai para 70% e 35%”.
Petrolina
“Petrolina, no Sertão do estado, conta com três estações de tratamento de água, totalizando 17 unidades operacionais e uma rede de distribuição com 900 mil metros de extensão. Não haverá rodízio. Vamos concentrar esforços para melhorar o serviço em bairros como Henrique Leite, Novo Tempo, Pedra Linda, João de Deus e Univasf. As ações emergenciais serão iniciadas a partir da próxima semana. Com o surgimento de condomínios e loteamentos, aumenta a demanda por água, sendo muitos desses empreendimentos construídos sem qualquer estudo populacional”
Novos desafios
“Assumir esse posto foi uma grata surpresa, algo que vem me dando muita segurança, de onde estou e o que posso fazer, dentro da dimensão da empresa. Eu venho me sentindo muito confortável dentro da Compesa. Sabemos que ninguém faz nada sozinho, por isso preciso destacar os méritos de um time muito capacitado que nós temos, sempre comprometido em fazer o melhor. É uma equipe que estuda bastante para resolver os problemas da população”. Estou vindo de um lugar com um corpo técnico bastante eficiente e já desenvolvi uma boa impressão da competência encontrada aqui na Compesa. Até porque, para fazer todas as entregas que já foram direcionadas para Pernambuco, mesmo com todas as dificuldades, é preciso muita eficiência. É um corpo funcional muito devotado, pessoas que amam o que fazem. As pessoas conseguem distinguir a Compesa, companhia, do funcionário da Compesa. Nas comunidades que percorrem, são tratados com respeito porque, na hora do problema, são eles que estão lá para resolver”.
Fonte: Diário de PE