O Rio Grande do Norte assistiu a uma explosão dos casos de HIV registrados no período entre 2012 e 2022. As notificações passaram de 93 para 608, aumento de 553,7%.
A informação consta no novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/aids apresentado pelo Ministério da Saúde.
Já a aids foi de 463 notificações em 2012 para 609 em 2022, crescimento de 31,5%.
Já os números de 2023 mostram que o RN teve 348 casos de HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ante 295 registros de aids.
Diferença
A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV na sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças.
Ou seja, ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá aids; porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida. O tratamento, ainda assim, mantém a pessoa com carga viral indetectável, sem possibilidade de transmissão.
Mortes
Assim como o aumento de pessoas vivendo com aids, a quantidade de mortes pela doença também evoluiu no estado. O ano de 2022 registrou o maior número de óbitos no Rio Grande do Norte dentro de um período de 10 anos.
No ano passado, foram registradas 170 mortes no estado, 58,8% a mais do que em 2012, quando o RN teve 107 óbitos em que a aids foi a causa básica. Ainda não há dados referentes a 2023.
Os números vão na contramão dos dados nacionais para a última década. Em 2022, o Ministério da Saúde registrou 10.994 óbitos tendo o HIV ou aids como causa básica, 8,5% menos do que os 12.019 óbitos registrados em 2012.
Brasil
Apesar da redução nacional, cerca de 30 pessoas morreram de aids por dia no ano passado. Do total, de acordo com o boletim, 61,7% dos óbitos foram entre pessoas negras (47% em pardos e 14,7% em pretos) e 35,6% entre brancos.
Para o Ministério da Saúde, os dados reforçam a necessidade de considerar os determinantes sociais para respostas efetivas à infecção e à doença, além de incluir populações chave e prioritárias esquecidas pelas políticas públicas nos últimos anos.
Uma campanha de conscientização, inclusive, foi lançada pelo governo federal com o tema “Existem vários jeitos de amar e vários de se proteger do HIV”, reiterando a importância do cuidado.
Estima-se que, atualmente, um milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil. Desse total, 650 mil são do sexo masculino e 350 mil do sexo feminino. De acordo com o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, na análise considerando o sexo atribuído no nascimento, as mulheres apresentam piores desfechos em todas as etapas do cuidado.
Enquanto 92% dos homens estão diagnosticados, apenas 86% das mulheres possuem diagnóstico; 82% dos homens recebem tratamento antirretroviral, mas 79% das mulheres estão em tratamento; e 96% dos homens estão com a carga viral suprimida – quando o risco de transmitir o vírus é igual a zero – mas o número fica em 94% entre as mulheres.
Uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) no Brasil
Uma das formas de se prevenir contra o HIV é fazendo uso da PrEP, método que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Entre os avanços conquistados no primeiro semestre de 2023, também está a disponibilização da profilaxia nos ambulatórios que acompanham a saúde de pessoas trans. Em todos os estados há serviços de saúde ofertando a PrEP.
De acordo com o boletim epidemiológico, a Profilaxia Pré-Exposição é mais acessada pela população branca (55,6%), em comparação com as pessoas pardas (31,4%), pretas (12,6%) e indígenas (0,4%), dado que reforça a importância do detalhamento dos registros no SUS e a necessidade de ampliação de acesso para pessoas pretas e pardas. Nesse contexto, a pasta garantiu que 5.533 novos usuários entrassem em PrEP até outubro de 2023, 77% a mais do que em outubro de 2022. Com isso, 73.537 usuários estão em PrEP atualmente, o que representa aumento de 45% comparado com o ano anterior. Entre os usuários de PrEP em 2023, há somente 12,6% de população preta, 3,3% de mulheres transexuais, 2% de homens trans, 0,4% de população indígena e 0,3% de travestis.
Fonte: Saiba Mais