Os históricos criminais de Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 36, que escaparam nesta quarta-feira (14) do Presídio Federal de Mossoró (RN), indicam dois homens que agem com brutalidade e violência, de acordo com os inquéritos que já foram abertos contra os dois no Acre. A dupla pertence à mesma facção criminosa, o Comando Vermelho, com origem no Rio de Janeiro, e há anos faz parte de uma disputa sangrenta com pelo menos outras três organizações criminosas rivais do estado. Todas ligadas ao tráfico de drogas.
Deibson já havia fugido e tentado fugir outras vezes da cadeia. É tido como um criminoso de “alta periculosidade”. Em pedidos de habeas corpus protocolados pela defesa dele no Superior Tribunal de Justiça (STJ), consta nos processos que os recursos foram indeferidos justamente com base em decisões anteriores já tomadas na esfera estadual, e que também embasavam a solicitação de transferência dele para o complexo de segurança máxima.
“Deibson Cabral Nascimento (também conhecido como Tatu ou Deisinho) é considerado de alta periculosidade em virtude de seu comportamento carcerário indisciplinado, por ter empreendido e ter tentado empreender fugas, dentre outras ocorrências internas. Na época em que foi transferido para o sistema penitenciário federal estava arquitetando a execução de alguns policiais militares aqui no Estado”, argumentou o Tribunal de Justiça do Acre, em entendimento também reproduzido pelo STJ.
O documento acrescenta ainda que Deibson e outros suspeitos citados no mesmo processo “exerciam grande influência, de forma muito negativa, no comando das organizações criminosas que se alastram neste Estado (Acre), utilizando-se de suas esposas para poderem repassar ordens e orientações para sua facção criminosa”. Diz ainda o relatório que “na época em que foi transferido para o sistema penitenciário federal, Deibson estava arquitetando a execução de alguns policiais militares”.
“Deibson Cabral Nascimento (também conhecido como Tatu ou Deisinho) é considerado de alta periculosidade em virtude de seu comportamento carcerário indisciplinado, por ter empreendido e ter tentado empreender fugas, dentre outras ocorrências internas. Na época em que foi transferido para o sistema penitenciário federal estava arquitetando a execução de alguns policiais militares aqui no Estado”, argumentou o Tribunal de Justiça do Acre, em entendimento também reproduzido pelo STJ.
O documento acrescenta ainda que Deibson e outros suspeitos citados no mesmo processo “exerciam grande influência, de forma muito negativa, no comando das organizações criminosas que se alastram neste Estado (Acre), utilizando-se de suas esposas para poderem repassar ordens e orientações para sua facção criminosa”. Diz ainda o relatório que “na época em que foi transferido para o sistema penitenciário federal, Deibson estava arquitetando a execução de alguns policiais militares”.
PF e governo federal apuram falhas
A Senappen afirma em nota que o secretário André Garcia foi a Mossoró para investigar os fatos e apurar as responsabilidades do ocorrido. “A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e está tomando todas as providências necessárias para a recaptura dos foragidos e a apuração das circunstâncias da fuga”. Garcia desembarcou por volta das 19h no RN.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte afirmou que, junto à Secretaria de Estado da Administração Penitenciária, “recebeu solicitação e está dando todo apoio possível ao Sistema Prisional Federal, inclusive com o emprego de patrulhamento aéreo, por meio do helicóptero Potiguar 02, que já decolou com destino a Mossoró”.
Acrescentou ainda que “o governo estadual já fez contato com as secretarias de Segurança Pública da Paraíba e do Ceará para a realização de ações integradas de reforço policial nas divisas entre os estados”. Segundo o estado, não há registro de fugas em unidades prisionais potiguares desde 2021.
Foragidos têm nomes incluídos na Interpol
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, acionou a Delegacia-Geral da PF, em Brasília, e ordenou o envio de agentes e peritos federais ao estado, para que ajudem na investigação do caso e na recaptura. Ele ainda afastou a direção da penitenciária e definiu uma intervenção. Segundo a pasta, o ministro:
Determinou a ida do secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, a Mossoró, acompanhado de uma equipe de seis servidores, para a apuração presencial dos fatos e a tomada das ações cabíveis no âmbito administrativo.
Acionou a Direção-Geral da Polícia Federal para abertura de investigações e o deslocamento de uma equipe de peritos ao local, com objetivo de apurar responsabilidades e de atuar na recaptura dos dois fugitivos, ação que já conta com o engajamento de mais de 100 agentes federais.
Ordenou a mobilização das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos.
Instruiu a Polícia Federal (PF) para que efetuasse o registro dos nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol, bem como a sua inclusão no Sistema de Proteção de Fronteiras, para que sejam procurados pela comunidade policial internacional;
Mobilizou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que realize o monitoramento das rodovias sob sua jurisdição e dê suporte à recaptura dos presos.
Mandou que fosse realizada uma imediata e abrangente revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.
Os presos
Ambos são do Acre e estavam na Penitenciária Federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023, conforme divulgado na época pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Esta é a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que conta com cinco presídios de segurança máxima.
Deibson estava preso desde agosto de 2015, já tendo passado também pelo presídio federal de Catanduva (PR). Ele tem condenações e responde por assaltos, furtos, roubos homicídio e latrocínio.
Rogério, que também tem vasta ficha criminal, também cumpria pena no Acre, quando foi determinada sua transferência para o Rio Grande do Norte. Ambos são apontados como membros de organização criminosa e cumpririam pena de dois anos, até 25 de setembro de 2025.
Inaugurada em 2009, o presídio federal de Mossoró é o único que fica no Nordeste. Com 13 mil metros quadrados, abriga mais de 200 detentos e não tinha registro de fuga.
A Penitenciária Federal de Mossoró é conhecida por receber líderes de facções criminosas de diferentes estados. Entre os nomes com passagens pela unidade estão o traficante Fernandinho Beira-Mar, transferido para o presídio em janeiro deste ano, e Marcinho VP, que atualmente está Penitenciária Federal de Campo Grande, mas passou anos na unidade do Rio Grande do Norte.
Outro criminoso na unidade é “Jamilzinho”, “Bob” ou “Guri”, alcunhas de Jamil Name Filho, apontado como o chefe de milícia armada ligada ao jogo do bicho no Mato Grosso do Sul. Ele foi preso acusado de encomendar a morte de um homem por R$ 120 mil, como vingança após uma traição nos negócios. Os executores, no entanto, teriam errado e matado o filho do suposto alvo.
Caso Marielle
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de terem participado do assassinato da vereadora Mairelle Franco, também ficaram presos no presídio federal de Mossoró. A mudança para uma unidade penitenciária fora do Rio de Janeiro, onde eles ficaram em um primeiro momento, foi pedida pelo Ministério Público do Rio, e aceita pela Justiça, que alegava motivo de “segurança pública”.
Outro nome que esteve preso na unidade foi Orlando Curicica. O ex-policial militar, que seria chefe de uma milícia na Zona Oeste, foi transferido para o presídio quando surgiram suspeitas de seu envolvimento também na morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, hipótese que depois foi descartada pelos investigadores.
Conheça o presídio
Considerada uma referência na custódia dos presos, a Penitenciária Federal de Mossoró foi inaugurada em 3 de julho de 2009. A unidade de segurança máxima foi projetada para receber até 208 presos. O presídio é uma reprodução do modelo de unidades de segurança máxima norte-americanas, conhecidas como “Supermax”, conforme descrição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Fonte: O Globo