A Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (Adeppe) repudiou a conduta de Graciele Queiroz, advogada de defesa de Rodrigo Carvalheira, preso nessa quinta-feira (11), sob acusações de violência sexual contra três mulheres.
Por meio de nota, a associação também revelou que convocará a Comissão de Ética da OAB Pernambuco para investigar a atuação da advogada.
“A ADEPPE provocará a Comissão de Ética da OAB-PE para a análise dos fatos, a fim de contribuir para a melhoria da atuação da advocacia pernambucana, sem prejuízo das implicações cíveis e penais decorrentes da conduta dessa advogada, que não refletem a urbanidade, a seriedade e o profissionalismo dos advogados pernambucanos”, disse a Adeppe, em nota.
Em declarações sobre o caso, a advogada alegou que a prisão de Rodrigo se trata de um “show midiático” e que teria motivações políticas. A Adeppe repudiu as declarações.
“Não houve coletiva de imprensa por parte da presidente do inquérito, não tendo que se falar em ‘show midiático’, até porque foi decretado o sigilo das investigações que não está sendo respeitado pela defesa técnica do suposto autor do crime, dando suposta interpretação particular acerca de prova produzida”, diz trecho da nota.
A defesa de Rodrigo Carvalheira alega, ainda, uma arbitrariedade na prisão. Segundo a advogada, o acusado chegou a se apresentar duas vezes na Delegacia da Mulher, desde novembro do ano passado, quando a denúncia foi feita. De lá para cá, no entanto, ele não teria sido ouvido.
Outra reclamação é a maneira que Rodrigo foi preso. De acordo com a defesa, o suspeito foi abordado na casa da sogra, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, às 5h da quinta-feira, de forma “desnecessária”. Os relatos obtidos pela reportagem descrevem policiais com metralhadoras.
A ADEPPE rebateu as alegações. “De início, cabe esclarecer que não cabe a advogada dizer quando e como deve ser conduzido o inquérito policial, bem como advertir a advogada que a investigação serve para apurar fatos e não pessoas, pouco importando a classe social do investigado ou repercussão do fato. A investigação é atividade exclusiva da Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, conforme Lei Federal 14.735 de 2023″.
A reportagem da Folha de Pernambuco procurou Graciele Queiroz e sua equipe de assessoria para resposta, mas, até a última atualização da matéria, não recebeu resposta. Confira, abaixo, a nota da ADDEPE na íntegra.
A Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (ADEPPE) vem a público manifestar seu repúdio à conduta da advogada Graciele Queiroz (OAB/SP – 505176, ainda sem inscrição suplementar na seccional de Pernambuco, segundo consta no Cadastro Nacional de Advogados) que, no 12 de abril de 2024, em coletiva de imprensa, informou impropriedades sobre investigação que culminou com prisão do empresário Rodrigo Carvalheira.
De início, cabe esclarecer que não cabe a advogada dizer quando e como deve ser conduzido o inquérito policial, bem como advertir a advogada que a investigação serve para apurar fatos e não pessoas, pouco importando a classe social do investigado ou repercussão do fato. A investigação é atividade exclusiva da Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, conforme Lei Federal 14.735 de 2023.
Ademais, deve ressaltar que as investigações passaram pelo crivo do Ministério Público e do Judiciário, tendo sido acatada a fundamentação constante na Representação das Delegadas de Polícia.
Por fim, não houve coletiva de imprensa por parte da presidente do inquérito, não tendo que se falar em “show midiático”, até porque foi decretado o sigilo das investigações que não está sendo respeitado pela defesa técnica do suposto autor do crime, dando suposta interpretação particular acerca de prova produzida.
A ADEPPE provocará a Comissão de Ética da OAB-PE para a análise dos fatos, a fim de contribuir para a melhoria da atuação da advocacia pernambucana, sem prejuízo das implicações cíveis e penais decorrentes da conduta dessa advogada, que não refletem a urbanidade, a seriedade e o profissionalismo dos advogados pernambucanos.