Ultrapassou a marca de 100 o número de bebês e crianças na fila por um leito nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas e neonatais em Pernambuco. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), na manhã desta terça-feira (7), a fila tinha 123 pacientes. Destes, 107 são crianças e 16 são bebês.
A crise da superlotação é enfrentada pelos hospitais públicos do estado desde o ano passado, quando as unidades ficaram sem leito por causa do aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Neste ano, o problema voltou a afetar os hospitais e, em 26 de abril, o governo do estado decretou situação de emergência.
Na sexta-feira (3), os números alcançaram a marca de 98 pacientes, sendo 81 crianças e 17 bebês. De acordo com a SES, a Central de Regulação realiza acompanhamento constante do sistema informatizado das demandas por solicitações de leitos, e que isso faz com que a lista de espera oscile mediante a necessidade.
Ainda na sexta (3), a secretária de Saúde do estado, Zilda Cavalcanti, informou que Pernambuco abriu 140 leitos desde o ano passado, e que o governo tem “perspectiva de abrir mais”. A secretária também ressaltou a importância de pais e responsáveis manterem as vacinas das crianças em dia, inclusive a contra gripe.
Desespero dos pais
No Hospital Barão de Lucena, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, mães relatam o desespero da espera. A filha da dona de casa Andréia Maria da Silva é uma das crianças que apresentam dificuldade para respirar e também espera por um leito.
“Deixaram a gente aqui num lugar bem sujinho e disseram ‘tome, faça a lavagem nasal’, e eu nem sabia nada. […] Eu sei que a demanda é grande e que os técnicos não têm condições, mas minha filha só piora por causa disso”, afirmou.
Ela também relata que precisa cuidar da filha sozinha e que conta com a ajuda de outras mães que estão na mesma situação.
“Eu entro desesperada em qualquer leito para encontrar alguém que ajude minha filha. É muito difícil ver que ela não está sendo assistida, muito mesmo”, disse.
Assim como a também dona de casa Nayara Thayná dos Santos Cavalcanti, mãe de um bebê de um mês e 20 dias, que está em estado grave de bronquiolite. Ela conta que na segunda-feira (6) presenciou a morte de uma criança que morreu por não ter sido levada para UTI.
“Fizeram de tudo aqui mas não conseguiram reanimar ele. Faleceu porque não tinha suporte suficiente para ele e eu fiquei muito abalado porque, querendo ou não, meu filho está praticamente no mesmo estado. O que é que eu vou fazer? Só tenho que esperar, estou desesperada”, disse.
Vacina
Atualmente, a campanha de vacinação está aberta para toda a população maior de 6 meses de idade, em todas as Unidades de Saúde.