Por: Salatiel Cícero
Foi lançado nesta quinta-feira, dia 20, o selo e gravadora independente “Matinada Records – o som de Pernambuco”. A proposta faz parte de uma iniciativa pioneira, na região do Nordeste do Brasil, no qual visa fomentar a produção e distribuição de obras que refletem a rica herança cultural da região canavieira produzidas por grupos artistas e instituições culturais que promovem as tradições de cultura popular nas Regiões de Desenvolvimento da Mata Norte e Mata Sul, interior do estado, considerados berços das tradições da cultura popular do maracatu de baque solto, ciranda, cavalo marinho, coco de roda e caboclinho. As produções serão apresentadas em áudio e vídeo, nas principais plataformas de streaming, e no canal do Youtube do projeto. O acesso é gratuito.
“A criação deste selo e gravadora independente é um passo fundamental para dar visibilidade e valorização aos nossos artistas e às nossas tradições” afirmou o produtor cultural e coordenador do projeto, Cleiton Santiago. “Além de garantir a preservação dessas manifestações, que tem suas origens na cultura oral, proporcionando uma plataforma para eles poderem alçar novos públicos e mercados.”
O nome “Matina Records” é uma homenagem ao vibrante som dos chocalhos dos caboclos de maracatu de baque solto, símbolo do carnaval pernambucano e Patrimônio Cultural do Brasil. A proposta, realizada com incentivo da Secretaria de Cultura, Fundarpe e Governo do Estado, por meio dos recursos do Funcultura, prevê a gravação, produção e distribuição de álbuns, EPS e singles, além de apoio em estratégias de marketing e divulgação. Além disso, também busca contribuir para profissionalizar ainda mais o setor e gerar oportunidades de emprego e renda.
Artistas como Mestre Biloco, de Goiana, ícone da Ciranda Praieira, reconhecido pelo IPHAN, como um dos últimos remanescentes da tradição em preservar o som do apito dentro das apresentações, está na lista entre os primeiros a gravar sob o novo selo. “É uma oportunidade única poder, em tantos anos de minha vida dedicado à cultura popular, poder levar nossa música além das fronteiras dos canaviais da nossa região. Será uma oportunidade única mostrar ao mundo a beleza e força da nossa cultura” falou, emocionado, o artista.
Quem está festejando este novo selo é o Coco do Mereré, que teve a oportunidade de ter seu primeiro trabalho registrado no formato audiovisual. “Este é o maior reconhecimento que está sendo feito em prol de nós, artistas, da cultura popular. Há muitos anos sonhava em gravar nosso trabalho musical. Agora, é só alegria. O sonho vai virar realidade “, enfatizou o músico e integrante do coco, Tony Artes.
Além de impulsionar a carreira dos artistas da Zona da Mata, a expectativa é que o novo selo e a gravadora atraiam investimentos e parcerias, estimulando a cadeira produzida da música e poesia popular. “Este é um projeto que vai além do mercado fonográfico. É a oportunidade de, artistas, sociedade, poder público, parceiros e iniciativa privada somarem esforços para fazermos, juntos, um movimento em torno da música como aliada no desenvolvimento da cadeia da economia criativa” explicou o produtor fonográfico do projeto, Alexandre Veloso.
Com esta ideia, Pernambuco se posiciona como um polo de inovação cultural, reforçando seu papel de vanguarda na preservação e promoção da cultura nordestina. “ A criação do selo e da gravadora reforçoa o compromisso e a importância do desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo e comprometer-se a promover o papel da cultura e da criatividade na implementação da Agenda 2030. Agora estamos mais fortalecidos para colocar a música pernambucana no panorama nacional e internacional, destacando ainda mais as cidades do estado no mapa global da criatividade musical” finalizou Veloso.