“Humilhante para o PT”, diz João Paulo sobre vice de João Campos

Na última quinta (18), João Campos se reuniu em Brasília com Lula, Gleisi Hoffmann e Carlos Siqueira, presidentes do PT e do PSB, respectivamente, para bater o martelo sobre o nome que vai compor a chapa. O ex-secretário Victor Marques (PCdoB) deverá ser anunciado na próxima segunda-feira (22), em ato no Recife.

“Eu já colocava que foi uma posição humilhante para o PT, para a importância politica que o PT tem, com a presidência da Republica, com dois senadores. Acho que o PT errou na dosagem porque vice não se dá fazendo prévias. Vice é fruto de uma correlação de forças políticas, e acho que isso está faltando, a real compreensão de força que nós temos”, falou o deputado durante o programa Passando a Limpo desta sexta (19).

João Paulo fez um retrospecto das eleições que o PT participou no estado e afirmou que o presidente Lula, sozinho, não teria força para definir um pleito local. Ele citou como exemplo as derrotas sofridas por ele mesmo, por Humberto Costa e Marília Arraes.

“Acredito que essa avaliação enfraqueceu muito o PT e isso pode comprometer o PT para ao futuro, inclusive com a candidatura para o Senado. A gente não pode correr o risco de as direções do PT nacional e estadual tomarem uma decisão, como foi apoiar Danilo [Cabral, candidato ao governo do estado pelo PSB em 2022, com apoio de Lula], e a base não apoiou Danilo, sabemos disso. E o prefeito, acho que na avaliação dele, estava com bastante força para inclusive dar um não ao presidente da República, com todo apoio que tem dado aos projetos de Pernambuco” declarou.

“Duas eleições em uma”

O ex-prefeito também demonstrou preocupação com a discussão em torno de uma possível candidatura de João Campos ao governo do estado em 2026. Na visão dele, é preciso viver cada eleição de uma vez.

“Parece que está de disputando duas eleições em uma, a eleição para prefeito e para governador. Eu já advertia sobre a ânsia do atual prefeito [João Campos] na perspectiva do governo do estado, mas muitas águas ainda vão rolar. Acho que o PT vai ter que fazer uma avaliação e se adequar a essa realidade, pensar no ponto de vista estratégico a longo prazo”, apontou.

Enquanto falava da conjuntura para as eleições de 2026, o deputado estadual aproveitou para elogiar o trabalho da governadora Raquel Lyra (PSDB) no estado.

“Outra variável que vai ser discutida será o papel da governadora Raquel Lyra, que acredito que vem acertando muito, basta ver o Rio Fragoso, a PE-15, o Morar Bem, são projetos em que a conjuntura politica pode ser alterada”, declarou João Paulo, que comparou a tensão existente entre Raquel e João Campos com a relação que tinha, quando prefeito do Recife, com o então governador Jarbas Vasconcelos.

“Vivemos um processo altamente radicalizado na minha candidatura para prefeito com Jarbas. Mas veja que nós fomos parceiros e fizemos parcerias significativas para a cidade. E isso a gente sente que não está havendo, e é altamente prejudicial para a cidade”, analisou.

Câmara Municipal

João Paulo também afirmou que a base de vereadores do PT deve votar com o prefeito João Campos, inclusive porque, segundo ele, o prefeito está bem avaliado. Contudo, pode haver dissidentes entre vereadores de siglas “mais à esquerda”, como ele classificou.

“O prefeito do Recife tem uma estratégia concreta de eleger a maioria dos vereadores dele. Até onde sei, no mínimo já há 16 vereadores que o governo municipal está investindo na reeleição. Quanto aos candidatos do partido, não acredito que haverá defecção no sentido de não apoiar o prefeito, até porque ele tá bem avaliado”, analisou.

“Agora, possivelmente a base mais à esquerda, que estaria defendendo arduamente a possibilidade de o PT estar na vice ou ter um candidato, aí vai ter dificuldade de fazer campanha e votar no prefeito”, entende o deputado.

Fonte: JC

 

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