Recife está entre as cinco capitais brasileiras com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres, de acordo com o relatório Eleições 2024: Grandes Desafios das Capitais Brasileiras, produzido pelo Instituto Cidades Sustentáveis. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), as mulheres na capital pernambucana ganham, em média, 29,30% a menos que os homens, o que significa que, para cada R$ 100 recebidos por um homem, uma mulher ganha R$ 70,70.
Essa desigualdade coloca Recife em uma posição desfavorável no cenário nacional, atrás apenas de Belo Horizonte (29,02%), João Pessoa (28,89%) e Teresina, que lidera o ranking com uma diferença de 34,17%. A maior cidade do Brasil, São Paulo, também apresenta uma diferença significativa, com as mulheres recebendo 24,54% menos que os homens. Especialistas apontam que os municípios têm um papel fundamental na promoção de medidas que possam reduzir essa disparidade. Em Recife, assim como nas demais capitais do ranking, políticas públicas municipais podem contribuir para o equilíbrio salarial entre homens e mulheres. A professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mariele Troiano, destaca a importância de ações que promovam igualdade de oportunidades.
“Os gestores públicos precisam entender as realidades e desigualdades que atravessam seus municípios, considerando as especificidades de cada região. No Recife, é urgente investir em áreas como saúde, educação, e acesso ao mercado de trabalho, com uma atenção especial às mulheres, que são mais afetadas pela desigualdade salarial”, afirma Troiano. Entre as ações citadas no relatório estão a garantia de creches e escolas em tempo integral, permitindo que as mulheres, especialmente as mães, tenham maior liberdade para buscar emprego e aumentar sua renda. Outra proposta é o incentivo ao empreendedorismo feminino, com concessão de crédito e capacitação específica para mulheres que desejam abrir negócios.
Além de Recife, outras capitais também registram grandes diferenças salariais entre homens e mulheres. No Rio de Janeiro, as mulheres ganham 28,75% a menos que os homens, colocando a cidade como a quinta no ranking de desigualdade salarial. A situação é mais grave em cidades como João Pessoa (28,89%) e Belo Horizonte (29,02%). No entanto, em algumas capitais do Norte e Nordeste, como Manaus (13,3%), Aracaju (12,23%) e Boa Vista (8,89%), a desigualdade é relativamente menor. A capital com a menor disparidade salarial é Rio Branco, onde a diferença entre os salários de homens e mulheres é de 3,25%.
Cidades menores
Apesar de estarem melhor posicionadas no ranking, essas cidades menores tendem a apresentar uma menor participação de mulheres no mercado de trabalho, o que, segundo a economista Janaína Feijó, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), pode mascarar a real disparidade. “A menor desigualdade não significa necessariamente que há mais equidade. Muitas vezes, as oportunidades são limitadas para ambos os gêneros, mas as mulheres ainda enfrentam mais barreiras para acessar cargos mais bem remunerados”, explica Feijó.
Fonte: Folha PE