Segundo a investigação, Giovanny trabalhava como personal trainer de uma ex-companheira do policial. Ele era pai de três crianças e estava viúvo desde fevereiro, quando a mulher, Aila Pimenta, de 32 anos, morreu de um choque elétrico em casa.
Aos policiais, um irmão de Giovanny declarou que o PM ameaçava a vítima pelo menos desde abril. De acordo com a testemunha, o personal trainer cogitou até “adquirir uma arma de fogo para se proteger” de Murilo.
O pai da vítima declarou, ainda, que chegou a ir ao local de trabalho do PM, em agosto, para “conversar com sua equipe” e “resolverem pacificamente a situação”. A iniciativa não surtiu efeito.
Execução
Câmeras de segurança flagraram o momento em que Giovanny sai do prédio onde morava, é surpreendido por um atirador encapuzado e acaba atingido por diversos tiros, sem chance de defesa.
De acordo com a investigação, as características físicas do sujeito encapuzado são “exatamente as mesmas de Murilo”. Um comparsa, que ainda não foi identificado, também teria participado do homicídio. Ele teria dirigido o carro do atirador e auxiliado na fuga, segundo a investigação.
Os policiais descobriram que os assassinos estavam em um veículo Gol, que estacionou às 18h33, atrás do carro de Giovanny. De acordo com os investigadores, o personal trainer costumava deixar o carro parado na frente do prédio e só levá-lo para garagem entre 19h e 20 horas.
Sem saber da emboscada, Giovanny saiu do prédio por volta das 19h30. “Ao se aproximar de seu carro, o executor desembarca da porta traseira esquerda do Gol, com uma arma de fogo em punho”, relata o documento.
“A vítima se assusta e tenta correr até o prédio, mas é alcançada pelo agente, que efetua disparos de arma de fogo contra o ofendido”, diz. “A vítima cai ao chão e ainda tenta desesperadamente entrar em luta corporal contra o seu algoz. Contudo, não resistiu aos ferimentos e faleceu”.
Redes sociais
Depois da execução, o PM teria apagado a própria conta no Instagram. Para o magistrado, o episódio teria o potencial de “prejudicar gravemente a colheita de provas” e indicaria “uma tentativa clara de se furtar à aplicação da lei”.
“Embora o autor estivesse encapuzado, há indícios robustos que vinculam Murilo ao crime, considerando, principalmente, as divergências pretéritas com a vítima”, escreveu o juiz.
Na decisão, o magistrado afirma que o crime foi praticado “de forma bárbara e fria”. “A execução do ofendido, com tiros à queima-roupa, inclusive na região da nuca, quando já estava prostrada no chão, demonstra elevado grau de periculosidade por parte do agente”.
O PM teve a arma apreendida na investigação. Na delegacia, o suspeito optou por permanecer em silêncio.