Morre Zé do Mestre, ícone do artesanato em couro, aos 92 anos

Faleceu nesta segunda-feira  (24), no Recife, José Luiz Barbosa, conhecido como Zé do Mestre, um dos mais renomados vaqueiros, aboiadores, poetas e artesãos do Brasil. Nascido em 29 de outubro de 1932, na Fazenda Cacimbinha, na zona rural de Salgueiro, Pernambuco, Zé do Mestre dedicou sua vida à arte do couro, tornando-se uma referência no artesanato que compõe a vestimenta do sertanejo.

Zé do Mestre foi o único dos 16 filhos de Luiz Eugênio Barbosa, o Mestre Luiz, a seguir os passos do pai no trabalho com couro. Mestre Luiz, um sapateiro respeitado na região, iniciou sua trajetória aos 13 anos. Desde muito jovem, Zé demonstrou interesse pela arte, começando a ajudar seu pai aos seis anos, e confeccionando seu primeiro terno de couro aos nove, com a ajuda do primo Línio Belarmino Barbosa, que viria a se tornar seu sogro.

O artesão viveu toda a sua vida na Fazenda Cacimbinha, propriedade da família há gerações, onde aprendeu não apenas a trabalhar com couro, mas também a lidar com a roça e o gado. Ele dominou a confecção das 27 peças essenciais do vestuário do vaqueiro, como gibões, guarda-peitos, perneiras, luvas, arreios e chicotes.

Em 1942, casou-se com Antônia de Brito Barbosa, a Dona Toinha, que o apoiou na produção artesanal e com quem teve dez filhos. Ao longo de sua carreira, Zé do Mestre vestiu tanto anônimos quanto figuras ilustres, incluindo o rei Juan Carlos da Espanha e o Papa João Paulo II, além de presidentes da República e centenas de sertanejos que participam anualmente da Missa do Vaqueiro em Serrita, em homenagem a Raimundo Jacó.

Seu trabalho conquistou admiradores ao redor do mundo e suas peças estão em acervos de colecionadores e museus, como o Missionário Etnológico, em Roma. “Desde cedo, tinha certeza de que minha vida seria com o couro. A arte me trouxe muita alegria”, refletiu o mestre em uma de suas últimas entrevistas.

Nos últimos seis anos, devido às limitações da idade, Zé do Mestre se afastou das atividades manuais, passando seus conhecimentos ao filho, Irineu do Mestre, que também se tornou um respeitado artesão.

Detalhes sobre velório e sepultamento divulgaremos em breve

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