Quedas atingem 25% dos idosos brasileiros

Um tropeço, escorregão ou uma distração mínima e a vida de um idoso pode mudar para sempre. Segundo o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), realizado entre 2019 e 2021, 25% da população idosa que vive em áreas urbanas já sofreu algum tipo de queda. Em outras palavras, um em cada quatro idosos.

A fisioterapeuta Raquel Gonçalves, mestre e doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); afirma que o número escancara uma realidade muitas vezes ignorada. “Quando pensamos em queda, tendemos a imaginar algo pontual, acidental. Mas essa estatística mostra que cair faz parte da rotina de milhares de idosos no Brasil — e que, na maioria das vezes, isso poderia ser evitado com medidas simples de prevenção”.

O que leva idosos aos riscos de quedas: as causas das quedas são múltiplas. Fora de casa, desníveis nas calçadas, iluminação precária e irregularidades no piso são armadilhas constantes. Dentro do lar, riscos escondidos nos gestos cotidianos: levantar-se da cama, tomar banho, calçar os sapatos. “Não se trata apenas do ambiente. A condição física e cognitiva, o tipo de calçado, a medicação, tudo deve ser observado”, reforça Raquel Gonçalves.

Prevenção vai além dos cuidados comuns: prevenir quedas vai muito além da instalação de barras no banheiro ou da retirada de tapetes. Segundo a fisioterapeuta, os cuidados exigem um olhar integral sobre a rotina do idoso. “Estar ativo é essencial. O indivíduo em faixa etária avançada que se movimenta, participa de grupos sociais, caminha e se sente útil, tende a preservar mais a autonomia e o equilíbrio. Já o isolamento e a inatividade são portas abertas para o declínio”.

Nesse contexto, o papel do cuidador ganha ainda mais relevância: Raquel destaca a importância de contar com profissionais especializados em prevenção e reabilitação de idosos. “É preciso que a equipe ofereça desde cuidados pontuais até acompanhamento 24 horas por dia, sempre adaptados à realidade da família e à necessidade do paciente”, explica.

Além dos cuidadores, o idoso deve receber visitas semanais de profissionais de variadas especialidades que monitorem seu quadro médico, avaliem sua evolução e atualizem as orientações aos cuidadores. “A adesão do idoso depende de algo fundamental: afinidade e confiança. É comum que haja resistência quando o cuidador é imposto, quando falta sintonia. Por isso, o vínculo é tão importante quanto o cuidado técnico”, finaliza a fisioterapeuta Raquel Gonçalves.

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