A Agência Nacional de Saúde e as operadoras esperam um reajuste em torno de 16% nos planos de saúde do para este ano de 2022. A previsão foi revelada em audiência pública da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados.
A justificativa apresentada foi de que o setor teve reajuste negativo de menos 8% em 2021, e seria necessária a compensação neste ano. Marcos Novais, Superintendente Executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde, justifica que a pandemia de Covid-19 reduziu as despesas em 2020. Mas os custos voltaram a ter aumento considerável em 2021.
“Esse é um ciclo da pandemia. A pandemia gerou uma distorção nas nossas despesas. As despesas, em um momento, elas caem e, em um outro momento, em seguida, que é ano passado, elas explodem”.
O Superintendente de Estudos e Projetos Especiais da Federação Nacional de Saúde Suplementar, Sandro Leal Alves, acrescentou que houve uma redução nas atividades e até mesmo o medo de as pessoas procurarem hospitais nos piores momentos da pandemia. E, por isso,, também ocorreu uma diminuição na procura por consultas, exames e outros serviços de saúde. Mas a busca por esses serviços voltou a crescer em igual proporção com a retomada da normalidade.
“É aquele efeito rebote que está vindo como se fosse um estilingue. Você guardou toda aquela demanda que estava reprimida e, quando as pessoas voltam às suas atividades normais, é natural que esse efeito aconteça, e isso está sendo observado”.
Os reajustes nos planos de saúde são concedidos anualmente e servem para manter o equilíbrio financeiro do setor. Para Gerson Sanford Vieira Lima, da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB e representante dos usuários da saúde suplementar no Comitê Estadual da Saúde do Ceará, o reajuste não se justifica. Ele alega que, apesar do aumento das despassas, as receitas das operadoras apresentam longo histórico de crescimento.
“Não há argumento sustentável para dizer que as operadoras de planos de saúde, como regra, estão passando por uma situação de dificuldade do equilíbrio econômico e financeiro. Ao contrário, elas estão numa situação extremamente confortável. Isso demonstrado de forma objetiva’.
Frederico Moesch, do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, lembrou, ainda, que o consumidor brasileiro também passou por dificuldades na pandemia, com perda de empregos ou redução na renda.
“E, mesmo assim, observando os dados do setor, os dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, nós não identificamos grandes oscilações na inadimplência, no número de beneficiários. Teve até um aumento no número de beneficiários”.
O presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa, Denis Bezerra (PSB-CE), ressaltou, ao final, que o Brasil já passa por um período de crise, com inflação e aumento geral de preços. E que o reajuste nos planos de saúde vai penalizar ainda mais a faixa da população com idade avançada.