A Câmara de Vereadores de Salgueiro realizou nesta quarta-feira, 19, uma audiência pública sobre a construção do Campus Salgueiro da Univasf na antiga estação ferroviária. Diversas autoridades públicas, vereadores, ex-vereadores, vice-prefeitos, comunicadores, estudantes, professores, indígenas e quilombolas de toda a região compareceram à Casa do Sanfoneiro. O prefeito de Salgueiro foi convidado, mas não apareceu, nem mandou representante. Estavam presentes autoridades de Cabrobó, Terra Nova, Verdejante, Parnamirim, São José do Belmonte, Serrita e outras cidades da região. Os estudantes da universidade foram liderados pelo presidente do DCE, Bruno de Melo. Outros membros sociedade civil organizada de Salgueiro e cidades vizinhas acompanharam o debate.
A mesa foi composta pelo reitor pró tempore da Univasf, Julianeli Tolentino; o prefeito universitário da Univasf, João Pedro; a secretária de Educação de Serrita, Maria do Socorro Sá; o secretário de Educação de Verdejante, Héder Tavares; o secretário de Educação de São José do Belmonte, Izaías Barros; o vice-prefeito de Terra Nova, Livino Clementino; o vereador de Parnamirim Andryele Saraiva; o defensor público Faustino Pires; o ex-vereador professor Hercílio; Luiza Sampaio, representando a CDL; o suplente de deputado Fabinho Lisandro; o presidente da UVP, Léo do Ar; além dos vereadores Sávio Pires, Flávio Barros, André de Zé Esmeraldo, Agaeudes Sampaio, Nildo Bezerra, Bruno Marreca, Henrique Leal Sampaio e Emmanuel Sampaio.
Sávio abriu a audiência destacando que o início do projeto “Câmara Itinerante” e explicando porque escolheu o tema Univasf como primeira pauta da iniciativa. “Nós escolhemos o tema Univasf por ter a certeza que o conhecimento é o nível máximo de engrandecimento da sociedade e do seu povo e sua cidade. É com conhecimento que nós buscamos os nossos direitos e os nossos deveres. Então trouxemos aqui o reitor para ele levantar todas as situações que estão travando a Univasf, a geração do campus da universidade federal. Eu almejo, de fé e de ação, lutar e concretizar essa grande obra”, disse.
Em seguida, o reitor fez um contundente discurso sobre a dificuldades enfrentadas pela universidade para iniciar a obra de construção do campus. “Hoje a Univasf já sente amadurecida aqui em Salgueiro, a ponto de a gente buscar o nosso local que é de direito. Inclusive existe uma lei, aprovada por esse legislativo, que doa essa área [antiga estação ferroviária] para a nossa instituição. E nada mais justo do que nós buscarmos recursos e envidarmos esforços no sentido de iniciarmos a edificação do nosso campus definitivo nessa área. […] Nós estamos travando essa grande luta, infelizmente, contra um ente que deveria ser o maior apoiador, que seria a prefeitura do município “, falou. “Pela primeira vez na história de nossa instituição, um município não quer ter as nossas ações”, completou.
“Nós estamos implantando a primeira etapa de obras, que compreendem basicamente quatro obras, que consistem no cercamento de toda essa área; na urbanização de toda a área; na reforma dos prédios já existentes, pertencentes à antiga estação ferroviária; e também na colocação do pórtico principal, com guarita, que é por onde nós receberemos nossos estudantes, nossos servidores e toda a comunidade aqui de Salgueiro e da região. […] Nessas obras nós já injetaremos um valor de recursos na ordem de R$ 4,6 milhões, mas que infelizmente, dada essa situação, a empresa que iniciou a execução desse projeto, foi ameaçada de ser literalmente ‘tratorada’. Isso quando chegou aos meus ouvidos foi algo muito decepcionante”, lamentou, destacando que o novo reitor que assumirá a Univasf, Télio Leite, também é defensor do projeto em andamento em Salgueiro e buscará recursos para a obra de R$ 30 milhões.
Representando os estudantes, o presidente do DCE da Univasf, Bruno de Melo, reafirmou que os alunos da universidade querem a construção do campus na antiga estação. “A gente foi eleito para defender os interesses dos estudantes, que querem a construção do campus neste terreno. E essa luta pela construção do campus da Univasf é também é uma luta contra a mentira, que está sendo propagandeada e uma luta também contra o obscurantismo, porque o obscurantismo luta contra a educação, contra a conscientização, para que o povo continue embrutecido, sem acesso à informação e sem acesso à verdade. Eu já vi municípios brigarem para ter a universidade, nunca vi isso que está acontecendo em Salgueiro”.
O prefeito Universitário, João Pedro da Silva Neto, informou que a universidade já providenciou toda a documentação exigida pela prefeitura e espera que a obra seja liberada. “O que a gente precisava era só a licença e dar a ordem de serviço para o cercamento da área, junto com a urbanização, que foi um projeto já entregue, e do pórtico, que faz parte do cercamento da área. […] Nós encaminhamos os projetos ao vereador Emmanuel e ele entregou à prefeitura, mas hoje nós trouxemos novamente todas as pranchas, as ARTs que foram pedidas pela prefeitura, assinadas pelo engenheiro da obra e pelo professor Julianeli e protocolaremos amanhã pela manhã, porque hoje quando a gente chegou, a prefeitura não estava mais aberta. […] O que a gente busca é parcerias para lutar pela educação e a gente acredita que conseguimos isso aqui em Salgueiro e por isso estamos aqui”, destacou.
Discurso emocionado do professor Hercílio arranca aplausos
Um dos momentos mais marcantes da audiência foi o discurso emocionado do ex-vereador professor Hercílio, um defensor do ensino superior no município. “Essa cidade tem o privilégio de pegar dois entroncamentos e não tem lugar melhor do que o semiárido [para construção de universidade]. O semiárido inclui muito mais do que cotas, porque tem índios, tem negros, pobres que não têm condições de ir para Recife, mas de estudar aqui têm. Se passar no vestibular têm. Salgueiro não merece entrar para a história com esse papel que nós estamos fazendo. Dói, sangra. Eu peço [se dirigindo a Julianeli], se importe com povo, porque os políticos, apesar deles, nós vamos ter a universidade. A correnteza começa no gotejar e mesmo que se represe, ela há de continuar e transbordar e chegar ao mar. A universidade vai chegar!”, expressou.