Cobrança de ingressos, bebidas alcoólicas, drogas e adolescentes seminuas expostas para serem exploradas sexualmente. Era assim que funcionava, nos fins de semana, uma organização não-governamental (ONG) que acolhia menores de 18 anos em situação de vulnerabilidade no município de Paulista, no Grande Recife.
Após cerca de um mês de investigações, a Polícia Civil de Pernambuco deflagrou, no último sábado (18), uma operação para prender o presidente da ONG e encerrar os crimes que eram cometidos contra as adolescentes em situação de vulnerabilidade.
“Essa exploração sexual de crianças e adolescentes já era um fato que seria grave em qualquer lugar, mas era em uma ONG, que existia para proteger, dar apoio às crianças e adolescentes. Existia para oferecer palestras, cursos, oficinas. Mas, nos fins de semana, o presidente dessa ONG aliciava adolescentes, cobrava entrada e fazia festinhas no local”, afirmou, nesta terça-feira, (21), o gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), delegado Darlson Macedo.
Durante a operação, denominada Pool Party, foram conduzidos para a delegacia o presidente do centro de apoio, seis adultos (sendo quatro homens e duas mulheres) e três adolescentes (duas com 17 anos e uma com 14).
O proprietário do centro de apoio, que não teve o nome divulgado pela polícia, foi preso temporariamente.
“O principal aliciador era o presidente dessa ONG. A gente tem a informação de que ele testava essas adolescentes, numa casa onde ele residia, e depois colocava elas para serem oferecidas aos ‘clientes’. Era cobrado R$ 50 pelo ingresso. O centro de apoio tinha muro com três metros de altura. Ninguém percebia a movimentação. E nos dias de semana, funcionava normalmente, com palestras e cursos”, disse o gestor do DPCA.
Segundo a polícia, há indícios de que as mulheres maiores de 18 anos também estariam se prostituindo no local. Mas a investigação ainda vai confirmar. Um homem com uma criança de 5 anos também foi encontrado no local, mas o delegado disse que não há indícios de que crianças também foram exploradas sexualmente.
Na delegacia, uma das adolescentes confirmou que era vítima de exploração sexual.
PRISÃO DO PRESIDENTE DA ONG
Além do mandado de prisão temporária, o presidente da ONG foi autuado em flagrante pelos crimes de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável e fornecimento de bebida alcoólica a adolescente, informou a Polícia Civil.
“Essa atividade criminosa precisava ser encerrada. Agora, com os desdobramentos, vamos descobrir mais vítimas e mais pessoas que aliciavam essas vítimas”, concluiu o delegado.
Em nota à imprensa, a Secretaria de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Prefeitura de Paulista declarou que “não tem vínculo com ONG que atua no acolhimento de crianças e adolescentes”.
Fonte: Jornal do Commercio