Conheça Tuvalu, o país que vai desaparecer e se mudar para o Metaverso

Tuvalu, um dos menores países do mundo, está prestes a se tornar a primeira nação que só vai existir no Metaverso. Formado por um conjunto de ilhas no Oceano Pacífico, o território sofre as consequências das mudanças climáticas, que estão aumentando o nível do mar.

Segundo o primeiro-ministro de Tuvalu, Kausea Natano, o país está apenas cinco metros acima do nível do mar, com projeções de sua terra física ser engolida pelo oceano nas próximas décadas. Em busca de manter viva a cultura e a memória de Tuvalu, o governo decidiu transferir a nação para o Metaverso, uma realidade digitalizada e on-line.

“Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo. Para mantê-los protegidos de danos, não importa o que aconteça no mundo físico, iremos movê-los para a nuvem”, declarou Natano.

Na luta para manter 11 mil habitantes unidos como um povo, o governo irá digitalizar desde a configuração física das ilhas, até as danças tradicionais do país. A iniciativa pretende fazer com que a população possa, inclusive, participar de eleições digitalmente.

“Nossa nação digital fornecerá uma presença on-line que poderá substituir nossa presença física e nos permitirá continuar a funcionar como um Estado”, apostou o ministro Simon Kofe, de Justiça, Comunicação e Relações Exteriores de Tuvalu.

Um desastre anunciado

Há anos, as autoridades de Tuvalu alertam a comunidade global sobre a crise climática na região e a necessidade de ações para combatê-las, de forma urgente.

Em 2009, na Conferência do Clima (COP 15), o representante das ilhas, Ian Fry, fez um pedido muito emocionado aos países em desenvolvimento, que assumissem um compromisso quanto à redução de suas emissões de carbono.

“O destino do meu país está nas mãos de vocês”, disse Fry, com lágrimas nos olhos, na época.

Doze anos depois, em 2021, com o aumento do aquecimento global, o ministro Simon Kofe exibiu um vídeo durante a COP 26 discursando de terno e gravata, dentro do mar e com água até o joelho.

“Estamos afundando, mas o mesmo está acontecendo com todos. Não importa se sentimos os efeitos hoje, como Tuvalu, ou daqui a 100 anos”, afirmou Kofe, durante discurso.

Em novembro desse ano, a Austrália fechou um acordo para receber os moradores do conjunto de ilhas que perderão seu território, tornando os tuvaluanos o primeiro povo refugiado climático da contemporâneadade.

Digitalização de Tuvalu

Mesmo com os alertas e pedidos desesperados por metas mais contundentes a fim de combater os feitos da crise climática, as previsões catastróficas sobre o aquecimento global e a subida do nível mar só aumentaram.

“O mundo não agiu, e por isso nós, no Pacífico, tivemos de agir”, disse o ministro Kofe.

No final de 2022, o governo de Tuvalu anunciou que iria “transferir” o país para o metaverso.

“À medida que a nossa terra desaparece, não temos outra escolha além de nos tornar a primeira nação digital do mundo. Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo. Para mantê-los protegidos de danos, não importa o que aconteça no mundo físico, iremos movê-los para a nuvem”.

Durante a COP 28, neste ano, sediada em Dubai, Tuvalu anunciou que o projeto, chamado de “Future Now” (Futuro Agora), já mapeou tridimensionalmente as 124 ilhas e ilhotas que fazem parte do país e foi feito um massivo investimento na infraestrutura nacional de comunicações.

“Um cabo submarino fornecerá a largura de banda necessária para mover o nosso país para a nuvem”, informou Kofe.

Além disso, o governo anunciou a criação de um passaporte digital para que a população possa continuar casando ou participando de eleições de forma on-line.

As autoridades do país também estão perguntando para a população o que eles gostariam que fosse “transferido” para o digital.

“As respostas, sejam artefatos de valor sentimental, o som da linguagem dos nossos filhos, a sabedoria das histórias dos nossos avós ou as danças vibrantes dos nossos festivais, serão todas digitalizadas e se tornarão parte da nossa arca digital”, disse o primeiro-ministro Kofe.

Em busca de legitimar uma nação digital

Em setembro deste ano, Tuvalu alterou a definição de Estado na sua Constituição. De acordo com a Convenção de Montevidéu sobre os Direitos e Deveres dos Estados, de 1993, diz que um Estado consiste em um território definido com uma população permamante.

Mas os novos termos criado pelo governo tuvaluano dizem que “o Estado de Tuvalu, dentro do seu quadro histórico, cultural e jurídico, permanecerá perpetuamente no futuro, apesar dos impactos das alterações climáticas ou de outras causas que resultem na perda do território físico”.

Doze nações já assinaram comunicados conjuntos com Tuvalu, como Gabão e as Bahamas, reconhecendo essa definição de Estado, segundo Kofe.

Fonte: Metrópoles

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