O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli fez uma piada sobre a forma física do colega Flávio Dino durante a sessão plenária da Corte, ontem. Durante a discussão dos ministros sobre três ações envolvendo a pauta ambiental, Toffoli afirmou, rindo, que a experiência de Dino “só não é maior que ele”.
“As argumentações do ministro Flávio, com a experiência que ele tem da vida pública, é muito grande. Só não é maior que ele”, afirmou Toffoli ao fazer seu voto. Dino respondeu, também rindo, dizendo que tomaria providências sobre a brincadeira. “Peço providências para a Procuradoria-Geral da República. Acho que há indícios de um crime de ação penal pública, viu doutor?”, rebateu, em tom de brincadeira.
As “piadas” envolvendo o peso do mais novo ministro do STF não são de hoje, e já foram feitas tanto por aliado quanto por desafeto político dele. Dino foi atacado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo menos quatro vezes com falas focadas em sua forma física. Quando era um dos cotados para a vaga no STF, Dino foi comparado a uma baleia pelo ex-chefe do Executivo. Em novembro de 2023, Bolsonaro ironizou o inquérito do qual é alvo por importunação a uma baleia-jubarte. Sem citá-lo nominalmente, se referiu ao então ministro da Justiça como “a única baleia que não gosta” dele na Esplanada.
Em outra ocasião, em 2022, Bolsonaro disse que líderes de Estado comunistas geralmente são obesos. “Já reparou que nos países comunistas, geralmente o chefe é gordo? Coreia do Norte, Venezuela, são gordinhos, né? Maranhão…” Após chamar o ministro de “comunista gordo”, citando-o nominalmente em uma live, Bolsonaro “tranquilizou” os apoiadores que participavam da transmissão com ele, afirmando que “os gordos” lá presentes não eram de esquerda. “Estou vendo uns barrigudos aqui, não é de esquerda, não.”
Dino respondeu o ex-presidente em seu perfil no X (antigo Twitter), classificando o comentário como “compatível com a notória escassez de neurônios do indivíduo” e disse “vai trabalhar”.
Em agosto de 2021, também respondendo a um comentário de Bolsonaro, que disse que “quanto mais pobre é o Estado, mais gordo é o governador”, o ex-governador do Maranhão recomendou que o então presidente fosse trabalhar. “Acho que ele está se oferecendo para ser meu personal trainer. Não, obrigado. Que estranha obsessão. Vai trabalhar, presidente. No Maranhão, as rodovias federais estão destruídas”.
Em março do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um comentário sobre o peso do então ministro da Justiça em uma reunião ministerial. No encontro, o petista afirmou que o almoço ocorreria durante os discursos e que serviriam “pouca comida” para Dino. Uma pessoa presente no encontro disse, duas vezes ao fundo em voz alta, que a declaração era bullying. Na ocasião, o ministro ficou em silêncio.
No mesmo mês, durante o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, Lula disse que “a obesidade causa tanto mal quanto a fome. É por isso que Flávio Dino está andando de bicicleta”. Apesar dos risos vindos da plateia e do próprio alvo da “brincadeira”, nas redes sociais o comentário foi interpretado como gordofóbico, repercutindo negativamente.