O Corpo de Bombeiros de Pernambuco (CBMPE) divulgou, nesta terça-feira (16), um dado alarmante sobre ocorrências de trânsito envolvendo motocicletas. Em 2023, a corporação registrou 3.831 ocorrências nos 12 meses do ano passado.
Isso dá uma média mensal de 319 ocorrências a motociclistas acidentados. Assim, foram notificadas, em média, 10 atendimentos a ocorrências de colisões envolvendo motociclistas por dia. Os acidentes envolvendo motos representam 77% de todos os atendimentos prestados pela corporação a vítimas do trânsito no ano passado.
Além disso, segundo a corporação, foram atendidos 408 atropelamentos envolvendo motos. Isso representa 41,5% dos atropelamentos atendidos pelos bombeiros militares, no mesmo período no Estado. Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros disse que são “números alarmantes”.
“Eles destacam a importância da conscientização e prevenção de acidentes envolvendo motos. O CBMPE reforça a importância do uso correto dos equipamentos de segurança, como capacete e vestuário adequado, não só pelos motociclistas, mas também pelos passageiros, inclusive os clientes que utilizam corridas por aplicativo”, disse a nota.
Alerta
Com a gravidade dos dados, o Corpo de Bombeiros de dicas para que os motociclistas tenham mais cautela no trânsito, além de respeitar as leis para evitar acidentes.
“É fundamental respeitar as leis de trânsito e as condições das vias, respeitando o limite de velocidade e as sinalizações, mantendo uma distância segura dos outros veículos, bem como realizar a manutenção regular da motocicleta. Outro ponto crucial é não conduzir o veículo sob efeito de álcool ou outras substâncias psicoativas. Essas medidas, quando adotadas corretamente, contribuem significativamente para a redução dos acidentes e para a segurança de todos os usuários das vias públicas”, destacou a corporação.
Estudo
Um estudo da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) no Recife aponta as principais causas de amputação entre os pacientes atendidos na unidade.
Os acidentes de trânsito envolvendo motocicletas corresponde a 34,1%. dos casos de amputação na unidade.
Este indicador só perde para para as doenças vasculares, que são as principais causas desses procedimentos, com 53,6% dos casos atendidos. Tumores, infecção óssea e queimaduras também surgem nas estatísticas.
Os dados foram compilados entre pessoas que fazem ou fizeram reabilitação na unidade. O estudo foi conduzido pelo médico Júlio Lima, médico da AACD Recife. Ao todo, foram avaliados 138 casos de amputação em pacientes elegíveis para a pesquisa entre 2018 e 2021.
No caso das doenças vasculares, observou-se que as comorbidades, principalmente hipertensão e diabetes, são um importante fator que levam a amputações.
Sobre os traumas, foi observado que a principal ocorrência se relaciona a acidentes com motos (53,2%), seguido por atropelamento, com 17%. Em 96% das situações com moto, houve colisão e o paciente pilotava a motocicleta. Em 88% das vezes, a pessoa estava sozinha e, em 8% dos casos, o paciente era o passageiro.
O uso e a adaptação às próteses fornecidas pela Oficina Ortopédica da AACD Recife também foram considerados. A maioria dos pacientes (83,6%) usa a prótese por mais de sete horas por dia e caminha de forma independente fora de casa (58,6%).
Acidentados no Agreste
O drama dos acidentes de moto não faz parte apenas da rotina dos grandes hospitais da Região Metropolitana do Recife. Um balanço divulgado no dia 10 de janeiro, pelo Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, aponta que a situação na região é bem complicada.
Maior emergência do interior do estado é referência nos atendimentos de trauma, o HRA recebeu, no ano passado, 3.852 vítimas de acidentes de trânsito.
Desse total, 3.095 estavam em motocicletas. O número representa 75,7% das vítimas. Isso acende um alerta sobre os cuidados que devem ser tomados ao conduzir veículos de duas rodas. Os acidentes com motocicletas atingiram 81,6% de homens. Em 54,5% das situações, eles tinham idade entre 20 e 39 anos.
Em 49,5% dos casos, as vítimas sofreram queda e 48,5% dos acidentes ocorreram aos sábados e domingos. Ainda segundo o balanço, 78,6% das vítimas tiveram membros superiores e inferiores afetados, deixando sequelas por longos períodos.