BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados realizou, ontem (14), sessão solene em homenagem ao ex-ministro da Ciência, Tecnologia e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falecido há 10 anos, vítima fatal de desastre aéreo. A cerimônia foi proposta pelo deputado federal e líder do PSB na Câmara, Gervasio Maia, lotou o Plenário Ulysses Guimarães com sete ministros Governo Lula e diversas lideranças políticas e admiradores da trajetória do homenageado.
Entre os presentes o comentário mais frequente era que a sessão solene estava com um quórum tão alto que parecia ter caráter deliberativo. Entre os ministros estiveram presentes e fizeram discursos emocionados José Múcio (Defesa), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Margareth Menezes (Cultura), André de Paula (Pesca e Aquicultura), Márcio França (Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) e Marina Silva (Meio Ambiente).
O deputado federal e filho do homenageado, Pedro Campos, presidiu a sessão e ressaltou em sua fala a capacidade de articulação política e de entregas do pai. “Eduardo tinha uma largueza de olhar, de articulação política e de entregas que beneficiaram o povo. Construir consensos foi uma marca em sua trajetória. Para ele, a política era um instrumento para transformar a vida das pessoas e do estado. Quando você coloca isso à frente, você não se perde em brigas e problemas menores de ordem pessoal”, afirmou.
O ministro José Múcio destacou a relação próxima que o presidente Lula e Eduardo tinham. “Eram amicíssimos, um filho que o presidente gostaria de ter tido e tinha por ele uma admiração profunda. Eduardo era um idealista. O brilho dos olhos dele era a cor que ele queria que todos tivessem: o brilho da felicidade e da esperança”, afirmou José Múcio.
O prefeito do Recife e filho do homenageado, João Campos, ressaltou o perfil visionário do pai. “Com tantas pessoas, amigos de diferentes partidos que passaram hoje aqui, deixa explícito a amplitude nas relações e na política que meu pai sempre construiu. É um momento de lembrar da sua ausência, mas sobretudo celebrar a sua história e a sua sempre presença. Ele, de forma inegável, estava à frente do seu tempo. Que a gente siga tendo esperança na política, nunca perdendo as nossas referências. Que a gente conheça a nossa história, valorize quem ajudou a construir esse caminho, quem lutou por democracia, quem lutou por política pública, quem lutou por um estado justo para a gente poder construir o futuro que ele acreditava: a unidade do povo, a unidade das instituições e a capacidade de botar a política para brigar contra os problemas do Brasil e não contra os sonhos dos brasileiros”, afirmou.
Em sua fala, a ministra Marina Silva destacou a convivência próxima que teve com Eduardo durante a campanha presidencial de 2014. “Tive com o Eduardo naquele curto período de tempo de forma mais próxima. O que pude observar foi um esposo amoroso, um pai amoroso, um companheiro fiel e dedicado às causas do seu partido, alguém que você poderia conversar e assumir compromissos com o lastro de lealdade”, afirmou.
A ministra Luciana Santos ressaltou, durante a sessão, a lacuna que representa a perda de Eduardo. “Além de entender os desafios brasileiros, Eduardo gostava de gente. Sempre tratou os desafios com leveza e consistência. Por isso faz falta ao Brasil, em tempos de tanta complexidade de guerra cultural, ter uma presença lúcida e convincente como Eduardo. É de fato uma lacuna muito grande nesses tempos ainda obscuros”, afirmou a ministra.
O ministro André de Paula comentou o legado do homenageado. “Ele é o mais brilhante político da minha geração. Como político foi um farol, um exemplo a ser seguido. Por onde passou em todas as funções públicas sempre o fez com idealismo, com brilho e com espírito público. É um exemplo a ser seguido, uma fonte permanente de inspiração para pernambucanos e brasileiros pela sua coragem, pela capacidade de trabalhar e pela sua dedicação absoluta”, afirmou.
O ministro Sílvio Costa Filho ressaltou a capacidade de construir consenso do ex-governador. “Eduardo é uma referência pela sua capacidade de trabalho e de unir. Ele faz muita falta no momento atual de divisionismo, de tensionamento, de crises institucionais. Eu não tenho dúvida que a pessoa certa seria o ex-governador para unir o Brasil. Eu acho que o país nunca precisou tanto de Eduardo Campos como a gente precisa nesse momento”, afirmou.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou os feitos do ex-governador na área da sua pasta. “A política para a cultura que Pernambuco implementou com Eduardo foi destaque em todo o Brasil, uma gestão que buscava fortalecer a cultura como elemento central no desenvolvimento social e econômico do estado”, afirmou Menezes.
O presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro destacou a reorganização do partido após a perda de Eduardo. “Quando assumimos a presidência do partido, após sua morte, fizemos uma renovação do programa do PSB, tendo Eduardo sempre como uma grande inspiração. Todos aqueles que são seus seguidores têm a obrigação de colocar em prática esse programa. Eduardo foi um homem brilhante que atuou firmemente na política brasileira e que nos inspira e nos inspirará sempre para um desenvolvimento de um país que pode ser muito mais do que tem sido até hoje”, afirmou Siqueira.