O sistema que abastece o aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, permitiu que um golpista incluísse, em minutos, dados falsos de vacinas contra a Covid. Nos últimos dias, a coluna conversou por meio do Telegram com uma pessoa que, mediante o pagamento de R$ 300, promete adicionar aos dados da pasta falsos comprovantes de aplicação de doses do imunizante. Sem pagar a taxa, a coluna constatou que o golpista, de fato, consegue fazer inclusões no sistema de imunização. As autoridades policiais foram informadas sobre o caso.
O ConecteSUS é gratuito e busca facilitar o acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa ferramenta oficial, é possível acessar históricos hospitalares, consultas médicas, compras de remédios subsidiados, resultados de exames e certificados de vacinação, que são usados como documentos oficiais para comprovar a imunização. Essa exigência, conhecida como “passaporte da vacina”, é feita em locais públicos e particulares, numa tentativa de diminuir a transmissão da doença que já matou 700 mil brasileiros em três anos.
Desde o fim de fevereiro, a coluna vem conversando via Telegram com o usuário @Livredevacinas, que no chat se identifica apenas como “Araújo”. A coluna soube do perfil por meio de uma fonte do serviço público sob a condição de anonimato. Já nas primeiras mensagens, o esquema foi detalhado pelo golpista.
“Você escolhe a quantidade de doses e lanço com data retroativa. O pagamento só é feito após você conferir no seu ConecteSUS as doses e o certificado de vacinação”, escreveu o golpista.
Ao longo da conversa com, o golpista classificou os imunizantes de “venenos”, em um tom negacionista que contrasta com o país que, antes de Jair Bolsonaro, orgulhava-se de ser referência de vacinação.
“Funciona dessa forma: você escolhe a quantidade de doses, escolhe o veneno entre Pfizer ou Coronavac ou AstraZeneca. Assim que eu lançar no sistema do SUS, falo para você checar. Lanço com data retroativa e respeitando o espaçamento entre as doses. O pagamento só é feito após você conferir no seu ConecteSUS as doses e o certificado de vacinação! Não precisa enviar nenhum documento, somente seu CPF ou CNS [Cartão Nacional de Saúde]! Vamos descartar vacinas reais, é como se você realmente tivesse tomado veneno!”, explicou.
Fonte: Metrópoles