Por Vera Magalhães*
A defesa que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a fazer da necessidade de uma nova reforma da Previdência ainda neste mandato não encontra nenhuma adesão no governo. Ministros de Lula dizem que promover uma nova mexida ampla nos critérios de aposentadoria, inclusive de militares, não está nos planos até 2026.
O horizonte traçado no Planalto para os dois anos e meio que restam de mandato para Lula é cumprir a meta fiscal com medidas pontuais de controle de gastos, combate a fraudes que drenem recursos e ganhos localizados de arrecadação com o fim de políticas de benefícios ineficientes (que Fernando Haddad vem atacando desde o começo da gestão), entregar um crescimento acima de 2% nos quatro anos (algo que não acontece desde Dilma 1), emprego e renda em alta. Com isso, a expectativa é que Lula consiga se reeleger, vencendo o indicado por Jair Bolsonaro.
Economistas de bancos, gestoras de recursos e fundos não são unânimes em acreditar que esse “arroz com feijão” seja suficiente. Alguns, inclusive, duvidam de que, no atual ritmo, Lula e Haddad consigam sequer entregar o cumprimento da meta fiscal a que eles mesmo se propuseram. E apontam que, sem reformas mais profundas no gasto, incluindo Previdência e outros benefícios sociais, vinculações constitucionais e o Orçamento, ainda que se reeleja, Lula 3 entregará um déficit crescente e uma dívida explosiva.
Lira passou a defender uma nova reforma da Previdência para ter uma bandeira econômica capaz de cacifar seu final de mandato e reforçar junto aos agentes econômicos uma imagem de promotor de grandes pautas econômicas que acredita ter construído com a reforma tributária e sua regulamentação, neste ano, e a aprovação do novo marco fiscal, entre outras medidas.
Isso o ajudaria na travessia de volta à planície, na qual planeja não só eleger o sucessor de forma consagradora como manter influência sobre a pauta da Casa, além de indicar o ministro da Saúde.
*Jornalista do O GLOBO