Residencial Ruy Frazão, que homenageia militante desparecido na ditadura, abrigará mais de 1,3 mil pessoas
O ministro das Cidades, Jader Filho, entregou, nesta terça (4), 336 unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida Entidades, no bairro de Afogados, no Recife. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, participou da atividade. Para ela, o programa contribui não só na redução do déficit habitacional, mas também na melhoria da economia do país e na valorização da luta popular.
“Ontem, o presidente Lula terminou a reunião ministerial dizendo que tem obsessão pelo crescimento do país. E crescimento é obra, que gera emprego, renda e, no caso de um teto, um sonho. Todo mundo quer ter seu teto. Com esse programa, Lula resgata três aspectos: o direito fundamental à habitação, o empoderamento dos movimentos sociais e, ainda, garante que a gente retome o crescimento no Brasil”, disse.
Com investimento de R$ 27,5 milhões, os apartamentos do Condomínio Ruy Frazão vão beneficiar mais de 1.344 pessoas. O empreendimento, o primeiro do programa na modalidade que beneficia entidades, é fruto de uma luta de 13 anos do Movimento de Lutas nos Bairros Vilas e Favelas (MLB).
O terreno foi doado pela União ainda no governo Dilma, mas as obras não avançaram na gestão anterior. A inauguração faz parte do esforço do governo federal de retomar obras paralisadas. O condomínio possui infraestrutura de água, esgoto, iluminação pública, energia elétrica, pavimentação e drenagem. Os beneficiários contarão com transporte público, creche, três escolas e posto de saúde.
“O residencial atende à faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, que Bolsonaro tinha enterrado. E é justamente a faixa que chega mais junto do povo de baixa renda. Então estamos revigorando este programa que cala fundo na parcela mais carente da população e que revela o esforço da luta do povo. (…) Foi para isso que Lula voltou: para ajudar os mais pobres”, completou a ministra.
Luciana lembrou ainda que o nome do condomínio é uma homenagem da luta social a Ruy Frazão, militante do PCdoB, que foi preso e torturado, hoje desaparecido político.
Na sua fala, o ministro das Cidades falou sobre as metas do Minha Casa, Minha Vida. “A orientação do presidente é que a gente retome as obras e faça as novas contratações. Serão 2 milhões de unidades habitacionais nos quatro anos de governo Lula. Sem falar na geração de emprego e renda. As pessoas que não têm casa, que moram nas encostas, têm pressa”, afirmou.
Coordenador do MLB, Serginaldo Santos lembrou a importância de o programa estabelecer que o título das propriedades seja prioritariamente entregue às mulheres “A gente resistiu bastante. E aqui hoje não se entrega só moradia. A casa é importante? É. Mas a casa guarda muitos outros valores. Um é a independência de nossas companheiras, que hoje têm o direito legítimo de ter a casa em seus nomes”, destacou.
Presente no evento, o prefeito do Recife, João Campos, teceu críticas à ausência de um programa de habitação popular durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e destacou a importância das parcerias com o governo federal.
“Essa é uma parceria a muitas mãos. A luta que está sendo feita aqui hoje derivou de um terreno da SPU (Secretaria do Patrimônio da União), de um programa federal, de uma mobilização de uma entidade popular com a raiz e o sangue do Recife, de uma lei municipal que o companheiro Sileno Guedes – com o ex-prefeito Geraldo Júlio – aprovou em 24 horas na Câmara para não perder o prazo formal, que podia botar o conteúdo do sonho do lado de fora. O que vivemos agora é o que precisamos viver cada vez mais na nossa cidade e no país, com parcerias”, defendeu.
Campos anunciou ainda que equipes de sua gestão visitarão todas as famílias do habitacional para fazer um cadastro que garantirá gratuidade do IPTU. Uma parceria com o grupo Neoenergia resultará na inscrição coletiva de todas as famílias na tarifa social de energia.