INSS realiza primeira ação do projeto Previdência para Todos

A quase 400 km da capital, está situada a cidade de Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano. O município abriga uma das comunidades quilombolas mais tradicionais, que escreve uma história de luta e resistência. Foi por lá que o INSS abriu a primeira de uma série de ações voltadas para os povos originários, dentro do projeto Previdência para Todos, em parceria com o Ministério da Previdência Social.

A iniciativa tem como objetivo principal levar às comunidades quilombolas e indígenas orientações e serviços previdenciários. Participaram do lançamento o superintendente regional do INSS no Nordeste, Rogério Souza, o gerente-executivo de Garanhuns, Paulo Parísio, o procurador regional federal do instituto, Alcides Gama, servidores e gestores de diversas áreas da superintendência Nordeste e da gerência. “Estão em Pernambuco 70% das comunidades quilombolas do Nordeste. A ideia é essa: trazer um pouco de retorno do Estado para essas comunidades, uma dívida antiga de reconhecimento à luta e à resistência de todos eles”, comentou o superintendente. “Trabalhei e defendi as comunidades quilombolas na questão da certificação e ainda hoje, quase 20 anos depois, trago muitas lições do que aprendi. O INSS está de parabéns, e a procuradoria está à disposição para ajudar no que puder”, completou o procurador.

O vice-prefeito do município, Daniel Valadares, e o secretário de Cultura e Esportes, Augusto Martins, prestigiaram a abertura, destacando a importância do projeto. Para o prefeito, foi uma escolha assertiva do governo dar o pontapé inicial por Afogados. “Começa pelo nosso município um programa que vai em busca dos quilombolas, dos indígenas, e estamos tendo a felicidade de receber esse lançamento. Nosso próximo passo nessa parceria será conseguir um terreno para garantir uma agência própria do INSS no município”, adiantou.

 Augusto Martins resgatou um pouco da história do local. Destacou que a comunidade é certificada e que, ao longo dos anos, vem resistindo. “Conheci quando aqui só existiam casas de taipa. Eles conquistaram casas de alvenaria, cisternas, energia e outros benefícios. Que bom que o INSS teve esse olhar de chegar a quem está mais distante, a quem tanto precisa, de vir para a base, para a comunidade. Isso é muito importante. Estamos de mãos dadas fazendo essa parceria”, comentou.

Sebastião José, 56 anos, chegou ao Leitão da Carapuça aos cinco anos. Respeitado entre os moradores, é um líder comunitário e também faz parte do sindicato dos trabalhadores rurais. Trabalhou no plantio de algodão, milho, feijão e outras culturas para resistir à seca e à falta de recursos. Explicou que a maioria vive da renda do Bolsa Família, do pagamento da Previdência Social e da sobra da produção e venda de animais. “Para nós é um momento muito importante. Nunca tínhamos recebido nenhum servidor, e hoje tivemos a presença de vários e do superintendente regional e do gerente de Garanhuns. Estamos muito felizes em recebê-los e por essa ajuda que chega para tirar nossas dúvidas e orientar sobre os benefícios específicos dos quilombolas do Leitão e de outras comunidades próximas daqui.

O vice-presidente do sindicato, José Matias, destacou: “Já temos um acordo de cooperação com o INSS, e isso tem ajudado muito os associados. Sairei com mais um leque de informações que serão repassadas aos trabalhadores”. Representaram a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (CONAFER), o líder indígena Júnior Xukuru e a diretora do programa + Previdência, Rafaela Cruz. “Temos um trabalho aliado à previdência, e essa troca de informações é muito importante. Parabenizamos por esse belo projeto”, pontuou Rafaela.

Integrante da comunidade Sítio Brejo de Dentro, outra formada por quilombolas na região, Simone Maria da Silva Santos, 31 anos, foi uma das atendidas pelos servidores. “Para nós, quilombolas, foi muito bom ter o INSS na comunidade, trazendo informações esclarecedoras. Eu vim saber sobre um auxílio-doença e estou bastante satisfeita com as explicações que recebi”, comentou.

Em Pernambuco, a região da gerência de Garanhuns possui a maior quantidade de comunidades quilombolas. “Essa é uma ação inclusiva, que faz parte da missão do INSS, ou seja, estar perto da população. Começar por aqui e dar certo, como estamos presenciando neste momento, é uma felicidade para a gente. Temos muito trabalho a fazer não só junto aos quilombolas, mas também nas aldeias indígenas, como os xukurus e os fulniôs, na nossa área de abrangência”, avaliou o gestor Paulo Parísio.

Cultura – O encerramento dos atendimentos foi prestigiado com a apresentação do grupo Coco de Roda Leitão da Carapuça. Homens e mulheres, em uma grande roda, demonstraram a beleza da dança e dos cantos que passam de geração a geração, mantendo a expressão cultural e tradicional dos povos originários. Recentemente, eles receberam o prêmio de Patrimônio Vivo do governo de Pernambuco.

Pesqueira – Na quarta-feira (30) e quinta-feira (31), a equipe do projeto estará no município de Pesqueira, com atendimento específico para os indígenas xukurus.

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