Trazer soluções e propostas para aumentar a diversidade e a equidade racial no setor público é o objetivo do encontro que acontece, amanhã (28), no Cais do Sertão, a partir das 11h. Com o tema “Gestão Pública e Equidade Racial”, o evento vai reunir mais 100 lideranças negras e indígenas, de todo o país, que atuam na gestão pública, formadas pelo programa Ubuntu – iniciativa do Vetor Brasil, que busca fortalecer e aumentar o protagonismo desses líderes a partir de formações em competências socioemocionais e gestão de pessoas. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas cerca de 14% dos cargos comissionados no alto escalão da administração pública são ocupados por pessoas negras.
O encontro faz parte do encerramento da segunda turma do Ubuntu, que irá apresentar os seus projetos de intervenção antirracistas realizados durante as trilhas formativas do programa, de maio a outubro deste ano. Em sua segunda edição, o Ubuntu contou com mais de 1400 inscrições e 100 pessoas selecionadas.
A programação do encontro em Recife contará com uma mesa para debater o tema com a presença de Robeyoncé Lima, primeira trans, negra e nordestina a conseguir inserir o nome social na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de Iêda Leal, secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Iêda Leal, e Lucinha Mota, ex-secretária de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco. Representando o Instituto Gesto e o Vetor Brasil, estarão presentes a CEO das organizações, Joyce Toyota, que fará a abertura do evento, e a gerente de Equidade Racial das organizações, Denise Silva. Além de especialistas e autoridades nacionais no tema de equidade racial, como Giovanni Harvey – diretor executivo do Fundo Baobá para a Equidade Racial e Matilde Ribeiro – primeira ministra da Igualdade Racial do Brasil.
“Se queremos uma gestão pública mais efetiva e representativa, é essencial investir em equidade racial. Governos podem fazer mais e melhor ao desenvolver sua capacidade de servir e entregar políticas públicas nesse sentido, e nós acreditamos que o caminho para isso são as pessoas e o desenvolvimento das suas capacidades”, explica Denise.
Entre as lideranças formadas pelo Ubuntu, está Regiane Silva, de São Paulo, que atua na Secretaria Municipal de Educação de Taubaté: “Passar no Ubuntu e (re)conhecer/entender minha história/ancestralidade está sendo transformador, realmente um divisor de águas na minha vida. A temática racial me envolveu e estou me aprofundando nos estudos […] Acredito que as reflexões sobre o racismo estrutural e suas imbricações e a construção de ações efetivas, a partir de políticas públicas transformadoras em todas as esferas governamentais, propiciarão uma estrada pavimentada que permitirão o acesso a todos de forma igualitária”, disse. Outro exemplo de líder com formação pelo programa é Jaqueline Silva, que atua como Chefe de Divisão na Gerência de Igualdade Racial na Prefeitura do Recife.
O evento Gestão Pública e Equidade Racial tem o objetivo de promover um espaço para troca de sinergias e partilha de experiências em grupo, conectando todas as vivências que já puderam experienciar ao longo das trilhas formativas, além de analisar a conjuntura de desafios e oportunidades sobre a temática na gestão pública. Em novembro, na segunda edição do encontro, serão apresentados os resultados das jornadas formativas para lideranças Gestão Estratégica de Liderança com Equidade (GEPE) e Educação para Relações Étnico-raciais (ERER), com debates com especialistas e apresentações de projetos de intervenção antirracistas realizados durante as jornadas dos programas.
