Após meses de uma situação que mudava constantemente, a marinha do Brasil, afundou, na tarde dessa sexta-feira (3) o Porta-aviões aposentado NAe São Paulo (A-12). O ato se deu após o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), de Pernambuco, decidir, no mesmo dia, que a força tinha o direito de conduzir o afundamento, que vinha sendo questionado pelo Ministério Público Federal e por órgãos ambientais, como o Ibama, sob pressão de ambientalistas, preocupados com possíveis perigos de danos à fauna marinha, devido à alta toxidade do casco da embarcação.
A Marinha nem tinha outra solução, pois já haviam sido detectados ao menos três buracos no navio, que começaram a enchê-lo de água, tornando o naufrágio inevitável. A Marinha já havia decido pelo afundamento, mas chegou a adiar a ação pós o recebimento, nana semana passada, de mais uma proposta, dessa vez de compradores árabes.
Inicialmente, o navio, cujo casco está contaminado de amianto, foi comprado por uma empresa turca, mas não conseguiu atracar naquele país, pelas leis ambientais rigorosas da Europa. Acabou retornando ao Brasil e tentou atracar, por várias, vezes no Porto de Suape, o que foi impedido pela Justiça do estado, a pedido até mesmo do governo estadual. O navio ficou vagando em alto-mar e já havia se tornado uma lenda.
Com a precipitação do afundamento, a Marinha, em nota, explicou que conseguiu realizar o procedimento da forma mais segura e controlada, conforme os procedimentos padronizados para esse tipo de ação. Segundo informou a força, “a área para a destinação final do casco, situada em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), a 350 Km da costa e com profundidade aproximada de 5 mil metros, foi selecionada com base em estudos conduzidos pelo Centro de Hidrografia da Marinha e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção para a mitigação de impactos à saúde pública, atividades de pesca ecossistemas”, diz o texto enviado na noite dessa sexta-feira.
Segundo o Ibama, o afundamento do casco contraria os esforços da equipe técnica do instituto para garantir uma destinação mais adequada, ambientalmente falando, prevista na regulamentação sobre transporte internacional de resíduos, da Convenção de Basileia. “De acordo com o documento, a liberação de materiais poluentes contidos na estrutura poderia causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos; o impacto físico sobre o fundo do oceano provocaria a morte de espécies e deterioração de ecossistema”, informou o órgão.
O porta-aviões São Paulo continha cerca de 9,6 toneladas de amianto, um material tóxico, que pode causar câncer e já foi proibido em mais de 50 países, entre eles, em 2017, no mesmo ano em que o navio foi desativado. Desde então, o navio estava teoricamente impedido de adentrar no mar territorial brasileiro.
Fonte: Diário de PE