Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, divulgada nesta quinta-feira (11), o líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, que se prepara para enfrentar a quinta CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada no Congresso para investigar o grupo e suas lideranças, afirmou que o movimento vai manter a defesa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas aumentará a pressão social.
“Nós vamos pressionar. Mas vamos defender o governo Lula. Não porque somos puxa-sacos, mas porque precisamos defendê-lo de seus verdadeiros inimigos: o capital financeiro que não quer baixar os juros, o latifúndio atrasado, a extrema direita”, declarou à coluna da jornalista Mônica Bergamo. “Ao mesmo tempo, o MST vai manter a sua autonomia, de governos, de igrejas e de partidos —por mais que legendas de esquerda torçam o nariz.”
Stedile também disse que a pressão social faz parte da luta democrática. “Quem é contra a luta social é porque não gosta da democracia, quer mandar sozinho”, afirmou. Para ele, a atuação de forma lenta do governo no avanço da discussão de pautas caras ao movimento e as críticas às ocupações que ocorreram no mês de abril são o sinal de que o “governo está como um todo meio temeroso”
Sobre a CPI, o líder do MST afirmou estar tranquilo e disse que os deputados ruralistas querem usar a comissão para esconder seus próprios “crimes ambientais”. “Vamos tentar fazer do limão uma limonada. Vamos utilizar aquele palco para denunciar as invasões das terras indígenas, o trabalho escravo, as invasões de terras quilombolas, o uso abusivo dos agrotóxicos.”, afirmou ao jornal. Stedile ainda garantiu que, caso seja chamado, será “o primeiro a depor, a falar e a enfrentar”.