Por: Matheus Henrique (@mateushenriquedpe)
Muitos livros já foram escritos sobre os milhões capturados na África, embarcados à força em um navio, arrematados como mercadoria qualquer num leilão do outro lado do oceano.
Você sabia que o tráfico negreiro mudou a rota dos tubarões? Eram tantos escravizados jogados ao mar que alterou o comportamento dos tubarões, eles iam junto as rotas dos navios negreiros. Durante mais de três séculos e meio, o Atlântico foi um grande cemitério de escravos. Em 1805, um brigue sob o comando do capitão Félix da Costa Ribeiro partiu da região de Biafra com 340 escravos, dos quais 230 morreram nos 40 dias até Salvador. Esse navio sozinho, teria lançado ao mar entre cinco e seis cadáveres POR DIA. Havia os casos mais sanguinários, onde os escravizados eram lançados ainda com vida, como punição e impor medo aos demais que estivessem planejando desobedecer. Sobretudo, morria-se de doenças como disenteria, febre amarela, varíola e escorbuto. Morria-se de suicídio – escravos que, tomados pelo desespero, aproveitavam-se de um descuido dos tripulantes, subiam à amurada das embarcações e jogavam-se ao mar.
Os cadáveres eram atirados sobre as ondas, sem pensar duas vezes, para serem imediatamente devorados por tubarões e outros predadores marinhos.
Segundo inúmeras testemunhas da época, mortes tão frequentes e em cifras tão grandes fizeram com que esses grandes peixes mudassem suas rotas migratórias, passando a acompanhar os navios negreiros na travessia do oceano, à espera dos corpos que seriam lançados sobre as ondas e lhes serviriam de alimento. Esses rituais eram parte da rotina a bordo.