Estima-se que pessoas nascidas na década de 1990 possuem risco quatro vezes maior de desenvolver câncer no reto (a porção final do intestino) do que as que nasceram nos anos 1950
O câncer de intestino vem crescendo cada vez mais entre a população com menos de 50 anos. De acordo com um estudo da American Cancer Society (ACS), o diagnóstico em adultos de 20 a 39 anos vem crescendo entre 1% e 2,4% por ano desde a década de 1980 e, entre as principais causas, estão os maus hábitos da população nesta faixa etária.
“O câncer colorretal ainda é mais comum em pessoas a partir dos 50 anos. Porém, deve-se levar em consideração que esse tipo de tumor é silencioso, o que significa que um paciente pode conviver com a doença por um longo período até que ela chegue a um estágio avançado e ele finalmente tenha um diagnóstico”, destaca Dr. Bruno Conte, oncologista da Hemomed Instituto de Oncologia.
Segundo o especialista, os jovens estão sendo acometidos pelo câncer de intestino por causa do estilo de vida pouco saudável. Dietas pobres em fibras (como frutas, verduras e legumes), alto consumo de alimentos ultraprocessados(como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e também de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) aumentam o risco para a doença.
O médico explica que as carnes processadas são submetidas a técnicas para realçar sabor ou melhorar a preservação. “As substâncias presentes na fumaça do processo de defumação e os conservantes (como os nitritos e nitratos) também adicionados durante o processamento, juntamente com o sal, favorecem o surgimento do tumor no intestino”, reforça ele.
Outros hábitos ruins e que vem resultando na maior prevalência desse tipo de câncer entre os mais jovens são o excesso de álcool, de tabaco, falta de atividade física e privação de sono, entre outros. De acordo com a ACS, estima-se que pessoas nascidas na década de 1990 possuem um risco quatro vezes maior de desenvolver câncer no reto (a porção final do intestino) do que as que nasceram nos anos 1950.
Dr. Conte recomenda que a população fique atenta aos sinais do corpo. “Sangue nas fezes, alterações significativas no formato das fezes, constipação, diarreia, perda de peso sem motivo específico: tudo isso deve ser um alerta para uma consulta médica”, afirma ele.
Ele destaca que os exames preventivos são muito importantes para detecção precoce do câncer colorretal. Isso porque a doença tem a peculiaridade de possibilitar tanto a prevenção da ocorrência da doença, pela identificação e retirada dos pólipos intestinais – que leva a uma redução da incidência do câncer – quanto a detecção em estágios iniciais.
“Pessoas com histórico familiar devem fazer a colonoscopia preventiva a partir dos 45 anos, e dando tudo certo, repetir o exame a cada dez anos. Já as pessoas que não possuem casos na família devem realizar colonoscopia preventiva a partir dos 50 anos de idade”, salienta ele.
O médico recomenda ainda que a população de todas as idades cuidem de seus hábitos de vida, incluindo na dieta alimentos frescos, como frutas, legumes, verduras, saladas e carnes magras. “A prática de exercícios físicos também é importante, bem como parar de fumar e reduzir ao máximo a ingestão de bebidas alcoólicas. O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. Mas melhor ainda é atuar na prevenção, cuidando da saúde com medidas simples”, finaliza ele.