O Estado de Pernambuco fechou o ano de 2023 com quase 9 mil casos prováveis de dengue, o que levou a uma taxa de incidência de 92,1 casos a cada 100 mil habitantes. Desse total, 54 evoluíram para um quadro grave da doença. Além disso, pelo menos três pessoas morreram por complicações da dengue, no Estado, no ano passado.
Diante do risco de epidemia neste ano, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) lançou, ainda em novembro de 2023, o Plano Estadual de Contingência das Arboviroses 2024. Ainda assim, o Ministério da Saúde não incluiu Pernambuco na estratégia de vacinação contra dengue, que começa em fevereiro.
Segundo a pasta anunciou nesta quinta-feira (25), a ação de vacinação contra a dengue beneficiará a população de regiões endêmicas, em 521 municípios.
A seleção do Ministério da Saúde oferta doses das vacinas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes. Também se levou em consideração as altas taxas nos últimos meses.
No último ano, as taxas de dengue de Pernambuco foram menores do que os índices em meses epidêmicos. Mas, segundo especialistas, esse panorama pode sinalizar um maior risco de ressurgimento de surtos decorrentes do sorotipo 3 do vírus da dengue – que reapareceu em 2023, no Brasil (em Pernambuco, a circulação foi confirmada no ano passado), após mais de 15 anos sem causar epidemias no País.
A explicação pode estar no fato de boa parte da população do Estado ter ficado imunizada após o período de tríplice epidemia (dengue, chicungunha e zika) vivido nos anos de 2015 e 2016. A circulação de um tipo de dengue, há tanto tempo ausente, preocupa os especialistas. Eis a razão: o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, já que poucas pessoas foram infectadas por esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.
Além disso, com a passagem do El Niño (fenômeno sazonal responsável por promover um aquecimento atípico das águas do Oceano Pacífico equatorial), o período de estiagem vai se intensificar em Pernambuco, o que vai fazer a população acumular maior quantidade de água. E essa é uma condição favorável para formar criadouros do Aedes aegypti.
Em nota enviada ao JC, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) destaca que, diante do quantitativo de doses que a empresa fornecedora da vacina da dengue teve capacidade de produzir, o Ministério da Saúde optou por criar critérios para definir as primeiras localidades a serem contempladas.
“À medida em que o quantitativo disponível de doses for disponibilizado, o Estado deverá ser contemplado”, diz a SES-PE.
A secretaria reforça que um dos critérios mais importantes definidos pelo Ministério da Saúde é a incidência de dengue nos anos de 2023 e 2024. “Em 2023, Pernambuco teve uma incidência consideravelmente mais baixa, em relação ao ano de 2022 e à série histórica dos últimos anos. Dessa maneira, o Estado não apresentava perfil para fazer parte da estratégia neste momento.”
Além disso, a SES-PE acrescenta que Pernambuco foi o epicentro da tríplice epidemia de arboviroses em 2015 e 2016. “O Estado ficou cerca de um ano e cinco meses em epidemia quase ininterrupta. Esse processo provocou uma imunidade coletiva potente, que se refletiu em menores incidências nos anos posteriores aos da tríplice epidemia.”
Fonte: Folha de PE