Historiadores contemporâneos não têm dúvidas: a região do Oriente Médio onde nasceu Jesus há pouco mais de 2 mil anos era um solo fértil para o surgimento de profetas e aclamados messias. Nesse sentido, religião à parte, o homem considerado o fundador do cristianismo era muito semelhante a diversos outros que ficaram restritos à história do seu tempo.
E por que, então, Jesus se tornou tão grande a ponto de, ainda hoje, ter bilhões de seguidores em todas as partes do planeta?
Por que os outros tantos messias não tiveram o mesmo sucesso com suas palavras e ensinamentos?
A resposta parece ser a universalidade do cristianismo.
Universalidade esta que, conforme apontam pesquisas mais recentes, não foi mérito exatamente de Jesus, mas sim de seus primeiros seguidores, sobretudo aqueles que se dedicaram a espalhar a mensagem cristã a partir do fim do primeiro século e ao longo do segundo.
A leitura acadêmica traça diferenças substanciais entre o “movimento de Jesus com Jesus”, ou seja, enquanto ele ainda era um líder vivo, e o “movimento de Jesus sem Jesus”, ou seja, a maneira como o cristianismo passou a ser organizado pelas primeiras gerações de seus seguidores.
Seguidores estes que se espalharam e se tornaram disseminadores dos ensinamentos adquiridos junto àquele líder carismático e sólido.
“Esse anúncio proporcionou a abertura de um movimento, de exclusivamente intrajudaico, para um movimento que ganharia contornos universais”, ressalta o historiador André Leonardo Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e autor do livro Jesus de Nazaré: Uma Outra História (editora Annablume), entre outros.
Na interpretação do historiador, essa pregação posterior do “movimento de Jesus” fez com que as ensinamentos daquele homem “ganhassem contornos universais”. “Isto é, saíssem do ambiente étnico, de um povo, do povo judeu, para se tornar uma questão dos seres humanos, na infinita pluralidade de culturas contidas dentro do império romano”, salienta. “Há um viés histórico e antropológico que ajuda a entender, que ajuda a explicar como o movimento de Jesus com Jesus, que foi intrajudaico, se tornou o movimento sem Jesus, algo além das fronteiras de Israel.”
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