De acordo com matéria veiculada no portal Brasil de Fato Pernambuco, a produção de gesso no Brasil está provocando uma grave crise ambiental na Caatinga, no Sertão pernambucano. As empresas do setor, há décadas, utilizam lenha extraída da vegetação local para alimentar os fornos, sem a devida reposição. Esse desmatamento contínuo está levando à escassez de lenha, afetando a lucratividade das indústrias.
O Sertão do Araripe, responsável por 97% da produção nacional de gipsita e com a quarta maior reserva mundial, enfrenta um colapso iminente devido à devastação ambiental. Um documento do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP) e do sindicato patronal da Indústria do Gesso (Sindugesso) de 2014 já alertava sobre a dependência da lenha, que representa 73% da matriz energética dessas indústrias.
A reportagem exibida no Fantástico mostrou que milhares de toras de madeira são queimadas diariamente para manter os fornos funcionando, agravando o desmatamento e elevando os custos de produção. O preço da lenha subiu para R$ 230 por tonelada, enquanto a tonelada do gesso é comercializada a R$ 250, pressionando as finanças das empresas.
Jefferson Araújo Duarte, presidente do sindicato patronal, reconheceu que o setor gesseiro enfrenta uma crise severa. A região, que abrange 15 municípios pernambucanos, depende fortemente da indústria do gesso, empregando direta e indiretamente mais de 80 mil pessoas.
Do ponto de vista ambiental, a falta de fiscalização contribui para o desmatamento ilegal. Em 2023, a apreensão de lenha de origem não comprovada aumentou em 500%, conforme relatado pelo engenheiro florestal Ivan Ighour. Ele destacou que, anualmente, são retirados o equivalente a 11 mil campos de futebol de vegetação, tanto legal quanto ilegalmente.
A Caatinga, um bioma exclusivo do Brasil, é crucial para a remoção de CO2 da atmosfera. Contudo, apenas 57% de sua vegetação nativa permanece, exacerbando a desertificação no semiárido brasileiro. A degradação ambiental ameaça não só a biodiversidade, mas também a viabilidade econômica do polo gesseiro.
Há alternativas?
Alternativas energéticas como o gás natural e a energia solar são citadas como soluções potenciais. A implementação de painéis solares, apesar do investimento inicial elevado, poderia garantir economia e sustentabilidade a longo prazo, ajudando a preservar a Caatinga e mantendo o microclima da região.
Fonte: Carlos Britto