Professora do look “especial para massacre” diz que postagem foi “infeliz”

Após postar foto com roupa especial para “dia do massacre”, na manhã desta quinta-feira (20/4), a professora da rede pública do Distrito Federal Lorena Santos, 28 anos, enviou mensagem à coluna Na Mira e disse que “não teve intenção de gerar polêmica”. A educadora dá aulas para adolescentes no Centro de Ensino Fundamental (CEF) Zilda Arns, no Itapoã.

Ao Metrópoles Lorena acrescentou que expressou uma “posição perante as ameaças, de forma irônica”. “Somos tão vulneráveis e parecemos piadas perante o Estado. Mas já retirei a imagem. Não foi a intenção gerar polêmica”, enfatizou a professora.

A coluna também teve acesso a uma carta assinada pela docente e enviada à comunidade escolar. No texto, ela diz que a publicação foi infeliz e pede desculpas.

Confira a íntegra:

Carta à comunidade Zilda,

Fiz uma escolha equivocada essa manhã ao me posicionar em uma rede social que fazia alusão às ameaças de violências que as escolas vêm sofrendo nos últimos tempos. O teor irônico que infelizmente pretendi dar no post não caberia e mascarou uma apreensão com esses fatos, sentimento esse que tenho tentado lidar da forma como a escola e as autoridades têm orientado. Mas ignorar que também compartilho dessa apreensão que vejo nos meus estudantes não é tarefa fácil, há um medo velado também em mim. Diante da situação e reconhecendo a minha responsabilidade enquanto professora, foi infeliz a minha postagem. Nada a justifica e por isso peço perdão pela falta de postura e delicadeza que esse momento exigia. Retirei o post, me sinto muito mal diante disso e me coloco à disposição para esclarecimento junto às autoridades competentes. Me senti vulnerável perante a situação e a forma infeliz de lidar foi essa.
Perdão, novamente.
Prof.ª Lorena
CEF Drª. Zilda Arns

Entenda

A professora fez uma selfie com “look especial” para o “dia do massacre”. Na publicação, a servidora escreveu: “Se eu morrer hoje, estarei belíssima pelo menos”. A data faz alusão ao fatídico massacre cometido em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999. Dois alunos do colégio alvo do atentado mataram outros 12 estudantes e uma professora. No Brasil, o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça, registrou grande circulação de mensagens nas mídias sociais com conteúdo de violência por ocasião do dia 20 de abril.

Lorena Santos costuma publicar no Instagram imagens da rotina como professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF), além de conteúdos sobre exercícios físicos, viagens, festas e dicas de beleza. No perfil, com pouco mais de 5,3 mil seguidores, a educadora se define como mãe, empreendedora e professora.

Repressão

Em coletiva de imprensa na quinta-feira (13/4), o secretário de Segurança Sandro Avelar e a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, anunciaram um plano de segurança para escolas do Distrito Federal. Entre as ações divulgadas estão: reforço do efetivo do Batalhão de Policiamento Escolar (BPesc); criação de novos canais de denúncia; além de otimização do uso dos carros das corporações.

Na ocasião, o secretário Sandro Avelar também falou a respeito da autorização da SSP-DF para contratar policiais temporariamente. A medida visa ampliar a segurança e coibir a violência em 1,6 mil escolas privadas e particulares, além de creches, faculdades e universidades.

No entanto, por questões de segurança, segundo o secretário, a pasta não divulgará a quantidade de servidores nem como devem atuar nos colégios. Até o momento, não há data para chegada do efetivo, mas os militares convocados serão da reserva e voluntários.

Pedido de exclusão

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) informou que abrirá procedimento para apuração da conduta da professora e reforçou que repudia qualquer tipo de postagem que ressalte a violência. “A pasta ressalta, ainda, o compromisso e empenho na busca pela cultura de paz no ambiente escolar”, comunicou o órgão.

“A direção do CEF Doutora Zilda Arns do Itapoã tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais e, imediatamente, pediu para que a professora excluísse a publicação”, completou o texto.

 

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