A gente precisa lembrar que família também é gente. Que os laços de sangue não fazem ninguém perfeito, que uma função não torna alguém um modelo de conduta. Pessoas são imperfeitas, famílias são imperfeitas. Temos em mente ideais de mãe, pai, filho, irmãos, avós, e esquecemos que para além dessas funções cada pessoa é um ser, com seus próprios limites e imperfeições, com sua vivência e as marcas que carrega. Para além de um modelo perfeito de família, existe a família real. Pode ser o nosso maior suporte, ou o nosso maior desafio.
Nem sempre é fácil conviver, nem sempre há amor, muitas vezes as marcas ganhadas ali acompanham para a vida toda. Feliz daquele que encontra ali aconchego, compreensão, orientação, incentivo e amor. Na maioria das vezes encontramos um pouco dos dois. Porque intimidade e amor não faz perfeição.
Não podemos mudar as pessoas e nem nosso passado, mas o mais importante é a maneira como digerimos as nossas vivências dentro de nós. Nem sempre podemos resolver uma situação fora, nem sempre precisamos manter um contato externo e íntimo com pessoas que não se mostram saudáveis para nós. Mas é importante sim resolver essa situação por dentro. Cada um de nós carrega a família dentro de si também. É ali que precisamos nos resolver, com nossas próprias emoções, para sarar nossas feridas.
Perdoar a nossa família por suas imperfeições não é validar ou concordar com suas atitudes. É se libertar de mágoas, culpas, dores e remorsos. É caminhar com mais leveza, entendendo que também carregamos nossas imperfeições, que todos estamos aprendendo, que modelos perfeitos não existem, que o passado ficou para trás e que temos a chave da libertação e o controle da nossa vida agora.
Essa ressignificação interna leva tempo, porém quanto mais nos aprofundamos nessa compreensão, mais nos libertamos da mágoa e dessa corrente de influências negativas que podem vir do que as vezes chamamos de “família tóxica”.
Perdoar é se libertar!
Alexandro Gruber