Existem pessoas que passam por nossas vidas, que mesmo nos causando feridas ainda nos sentimos ligados emocionalmente. Parece ilógico guardar sentimento por pessoas que de alguma forma foram tóxicas para nós. Contudo, em situações como essa, a ligação não é necessariamente estabelecida por um sentimento de amor pela pessoa, e sim pelo apego ao sonho de relação que estivemos alimentando acerca dela. Ninguém tem dificuldade em abandonar situações que trazem sofrimento, e sim em abandonar as ideias e os sonhos construídos e perceber que eles não são reais. Ou seja, na grande maioria dessas situações não é a pessoa que não deixamos ir, é o sonho no qual nos apegamos.
Desejamos arduamente viver um dia uma relação feliz e plena que nos esquecemos que estar com alguém não significa estar em uma relação sadia. Mais do que estar com uma pessoa, devemos estar com alguém que ajude no nosso crescimento. Do contrário, insistir em uma relação que nos faz mal, apenas por acreditar que é só através dela que vamos nos realizar é sacrificar a própria realidade em nome da ilusão.
Há pessoas que não são o que parecem, não são o que merecemos, não são o verdadeiro caminho para uma vivência afetiva profunda. Quando percebemos que o que procuramos não se encontra nelas é que encontramos a chave para deixar essa pessoa ir de verdade, não só externamente, mas emocionalmente e psicologicamente. Para limpar alguém do nosso emocional é preciso deixar ir todas as expectativas que projetamos sobre ela e procurar ver o que ela realmente é, para além de toda fantasia.
Que os sonhos que fazemos em cima de algumas pessoas nunca nos ceguem diante da realidade e que acima de tudo sempre lembremos que deixar ir quem nos faz mal é um ato de amor por si que abre os caminhos para que aquilo verdadeiramente merecemos se manifeste em nossas vidas.
(Alexandro Gruber)