O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, esteve no Porto do Recife, na manhã desta sexta-feira (31), para anunciar os primeiros leilões para arrendamento por dez anos de três terminais do ancoradouro, marcado para a primeira quinzena de agosto. Os três leilões, que serão realizados na B3, em São Paulo, vão totalizar cerca de R$ 60 milhões. Os terminais são o REC08 (granel sólido vegetal), REC09 (carga geral e granal sólido – arroz) e o REC10 (carga geral e granel sólido – barrilha).
O ministro, que na visita realizou uma inspeção técnica nas áreas que serão leiloadas, anunciou, ainda, os investimentos a serem realizados pelo Governo Federal nas obras de dragagem do ancoradouro. Já estão assegurados recursos da ordem de R$ 120 milhões, previstos para chegar em setembro deste ano. O aumento do calado, segundo o ministro, vai aprimorar a competitividade do porto. Aguarda-se apenas o processo licitatório para liberação da verba federal.
“É um trabalho em conjunto do Governo do Estado com o Governo Federal. Estamos falando de quase R$ 200 milhões. É o maior volume de investimentos dos últimos 20 anos no porto da cidade”, disse o ministro. Com o investimento, disse ele, o porto vai atrair mais investidores nacionais e internacionais, o que ajudará muito no desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife.
Segundo Silvio, vão ser realizados mais dois leilões – além dos três de Pernambuco –, um do Rio de Janeiro e outro do Rio Grande do Sul. Já para os próximos três anos estão programados 35, que devem gerar mais de R$ 15 bilhões. A princípio, seriam leilões de quatro terminais do Porto do Recife, mas o REC-04, que estava na lista, terminou ficando de fora.
“A gente está trabalhando em conjunto com o Governo do Estado para discutir melhor estrategicamente o papel dessa área (o REC-04). A gente espera no segundo semestre poder modelar qual é a melhor estratégia para essa área e, a partir daí, vir a leiloar dentro de um planejamento estratégico do Governo do Estado com o Governo Federal”, esclareceu Silvio.
Ampliação
Segundo a vice-governadora Priscila Krause, que participou da visita do ministro, o Porto do Recife teve, no ano passado, uma ampliação de 43% na sua movimentação, e espera que só com o leilão dos três terminais se tenha um incremento na movimentação de 25% a 30%. “O Porto do Recife retoma um papel de desenvolvimento econômico para o Estado”, afirmou Priscila.
Para vice-governadora, o desenho de modelagem para as áreas do porto que serão leiloadas foi construído junto com o setor produtivo para que se tenham atividades que mais se adequem às necessidades da indústria local. A governadora em exercício disse, ainda, que o porto saiu de uma administração deficitária de cerca de R$ 20 milhões para uma superavitária de R$ 2 milhões, no ano passado. “Foi feito muito esforço para isso, desde a revisão de contratos atuais até a busca de eficiência nas operações e na requalificação”, detalhou Priscila.
Além desses recursos, o Porto do Recife vai investir mais R$ 20 milhões de recursos próprios em outras obras de infraestrutura. “Desses R$ 20 milhões, R$ 12 milhões já estão em caixa a partir do trabalho que foi feito na administração do porto. Os R$ 8 milhões restantes serão viabilizados dentro do próprio fluxo de caixa, recebimento de receitas com as despesas corretas”, contabilizou Priscila.
Dragagem
O presidente do Porto do Recife, Delmiro Gouveia, reforçou os investimentos divulgados pela vice-governadora. “Ao longo do tempo, poucos foram os investimentos necessários. Agora, com o nosso fluxo de caixa, a dinamização da administração e apoio do secretariado, esses investimentos serão realizados”, disse Gouveia.
Ainda de acordo com ele, há obras menores, mas que são de suma importância, como o sistema de combate a incêndio, drenagem e pavimentação. “Com relação aos R$ 20 milhões de investimentos, só estamos concluindo a licitação. Assim que se concluir, a ordem de serviço será expedida e os fluxogramas de obras e pagamentos serão apresentados”, adiantou.
Uma pequena parte da dragagem já havia sido realizada – 20% do total que precisa ser feita, mas é necessário ainda mais, segundo Delmiro. “Há a necessidade muito grande, principalmente do canal externo, na chegada dos navios. Isso vai possibilitar a atração de novas cargas, novas rotas comerciais”, acrescentou. Ainda de acordo com ele, antes havia aporte estadual para cobrir o caixa do ancoradouro. Hoje, o próprio porto gera receita e realiza as obras.
O Porto do Recife, afirmou Delmiro, opera normalmente, mas precisa crescer ainda mais para atender as demandas do mercado. “Nós buscamos com o Governo Federal e estadual a dinamização do instrumento Porto do Recife. Vamos buscar esses investimentos para que ele seja mais rentável e entre numa competitividade que o mercado exige”, esclareceu.
Para o presidente do Sindicado da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, que participou da reunião representando o setor sucroenergético, o Porto do Recife está sendo modernizado e procurando otimizar áreas, adotar técnicas mais modernas e mais eficientes para embarque do produto pernambucano.
“O porto precisa de uma dragagem mais efetiva, o que vai ocorrer, elevando o seu potencial para 12 metros, possibilitando a vinda de navios mais modernos, mais compactos e que possam, de fato, serem mais rápidos no descarrego e nos embarques. A atividade portuária hoje, mais do que nunca, requer, sobretudo, uma dinâmica muito célere para que haja ganho de escala e não haja demora na atividade do comércio internacional”, explicou Cunha.
Fonte: Folha PE