A Associação Casa Clarice Lispector (ACCL) recebe, nesta terça (9), na Santa Casa de Misericórdia do Recife (SCMR), o imóvel onde viveu a escritora. A ideia é transformar o sobrado em um museu. Atualmente, a estrutura é da Santa casa de Misericórdia.
Localizado na Praça Maciel Pinheiro, número 387, na Boa Vista, na área central da cidade, o sobrado foi o primeiro endereço de Clarice e de sua família na capital pernambucana. Ucraniana, Clarice nasceu em 1920 e chegou a Pernambuco dois anos depois.
Agora, a associação quer criar um espaço para homenagear a memória da escritora. Clarice se tornou cidadã pernambucana e é considerada ícone da literatura.
Também é reconhecida internacionalmente como uma das mulheres mais importantes na literatura pernambucana e universal, Clarice declarou seu amor pelo Recife em suas obras.
Contrato
Na tarde desta terça-feira, o presidente da ACCL assinará um contrato de comodato de 25 anos com a Santa Casa, para criação do Museu Clarice Lispector.
A homenagem é única no Brasil, e tem como meta recuperar os valores atribuídos à cultura literária promovida por Clarice.
“Hoje é o ponto de partida para o início dos projetos”, declarou o presidente da associação, o médico Moisés Wolfenson, em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco.
Precariedade
Hoje, o prédio, tão importante na juventude da escritora, sofre com o descaso. Portas e janelas foram bloqueadas com tijolos e cimento, o telhado não tem proteção e todas as paredes foram pichadas. O terceiro andar já não existe mais.
Segundo Moisés Wolfenson, com a assinatura do contrato, o passo seguinte será dado para implementar o trabalho com doações e incentivo à cultura.
O projeto de restauro e de arquitetura de interior já está em vigor. Com o início desta nova etapa, outros aspectos estarão sendo desenvolvidos e orçados, como a engenharia, sistema de saneamento e hidráulico, expografia, e iluminação, entre outros.
Na sequência, por meio de leis de incentivo à cultura, a captação de recursos será iniciada. A previsão para início das obras é começar a construção da nova coberta no início de junho.
Projeto
Conforme a descrição do projeto, o Museu Clarice Lispector “será um espaço de diálogo e reflexão, proporcionando ao público e entusiastas da literatura, a oportunidade de interagir na escrita, ideias e trajetórias da autora, assim atraindo turistas e visitantes”.
Na entrevista ao Diario de Pernambuco, nesta terça, Wolfenson também disse que Paulo Gurgel, filho de Clarice, doou muitas coisas para a associação, como o escritório, fotografias, decoração, o sofá, as cortinas, máquina de datilografia.
Grande parte do projeto já está escrita e planejada, o museu já foi aprovado pela prefeitura e pela Fundarpe.
Associação
A associação foi criada com o intuito de implantar o museu no Brasil, e devidamente homenagear Clarice.
Ainda conforme o que consta no projeto, as atividades propostas pela associação a serem realizadas no Museu contemplam: “Ampla diversidade de atividades e programas, destinados a valorizar e aprofundar o conhecimento sobre a vida, obra, e influência da escritora, através do acervo permanente, e de eventos temporários, educativos e culturais, auditório, biblioteca para consulta, palestras, publicações, estudos críticos, exibição contínua de obras audiovisuais, que explorem os diversos aspectos de sua vivência no Recife, e sua produção literária.”
O projeto descreve o compromisso da associação de acertadamente valorizar Clarice e seu legado.
“O Museu Clarice Lispector vai entregar para a sociedade cultural do Recife, espaço dinâmico, de pesquisa e celebração, assumindo o compromisso ativo com a salvaguarda e preservação integral do legado da escritora, sob sua guarda, garantindo a conservação de seus manuscritos, documentos e acervo. Oferecerá mostras de filmes, fotografias, quadros, peças de teatro, lançamento de livros, que tratem de seu universo, dando a oportunidade aos visitantes se envolverem com o legado artístico e intelectual dessa mulher extraordinária, assegurando que sua influência e relevância perdurem para as futuras gerações”, informa o texto que acompanha o projeto básico do museu.
