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Alcymar Monteiro lamenta o Governo de Pernambuco não homenagear Mestre Jaime e Ana das Carrancas na passagem do centenário

Após a repercussão da informação sobre a passagem dos 100 anos  de Mestre Jaime e Ana das Carrancas, até agora ignorados pelo Estado, o cantor Alcymar Monteiro reagiu.

“Como artista, fico de alma entristecida pelo abandono que sofreu e ainda sofre Ana das Carrancas. Em seu centenário, a prefeitura de Petrolina teria que erguer um estátua em sua memória. Esse é um tipo de mulher que veio a esse planeta e que implantou sua cultura, sua inteligência e foi embora. Ana das Carrancas é e será sempre uma artista singular e plural.

Cabe ao poder público preservar imagens de seus ídolos, dos seus mitos. E, infelizmente, o Brasil não tem essa cultura. Tenho certeza de que eu posso não estar mais aqui nesse planeta, mas chegará um dia em que os artistas serão respeitados, cultuados e, antes de tudo, devem ser estudados pelas novas gerações.

Para mim, Ana da Carrancas é uma grande artista que veio, implantou sua filosofia e foi embora. Conhecida mundialmente, mas infelizmente, desconhecida pelo poder público.

Mestre Jaime, foi e será a encarnação da alegria. Não o conheci pessoalmente, mas sei do seu legado, sei do seu trabalho, do seu amor à arte e à cultura. Salgueiro está de parabéns por ter um grande artista como esse. Tão representativo, tão pujante. Viveu para servir a cultura e nunca se serviu dela.

Tenho certeza de que ambos são grandes artistas, que fizeram muito pelo nosso povo e de que estão hoje comemorando seu centenário com muita alegria e muita luz e com muita festa dos espíritos do bem.

Jaime e Ana das Carrancas, Pernambuco deve muito a vocês dois!”



Na passagem dos cem anos de Mestre Jaime e Ana das Carrancas, nenhuma homenagem do Estado

Dois artistas ícones da cultura popular de Pernambuco – a artesã Ana das Carrancas e o carnavalesco Mestre Jaime, ambos In Memoriam, estão no ciclo de seu centenário e começam a ser lembrados em seus lugares de origem, Petrolina e Salgueiro, respectivamente. Mas até  agora nenhum sinal de homenagem por parte do governo do Estado, através da Secretaria de Cultura ou mesmo da Fundarpe.

No próximo dia 18 de fevereiro, se fosse viva a famosa artesã de Petrolina, Ana Leopoldina dos Santos que foi Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2006, estaria completando 100 anos. A artista faleceu em 2008, mas sua arte continua em alta no centro de arte que leva seu nome sob o comando das filhas Ângela Lima e Maria da Cruz. As irmãs continuam produzindo e todos  os anos marcam presença com suas peças na Fennearte.

Para as comemorações do centenário    da artesã, a primeira  instituição pública a manifestar a importância da data foi a Universidade do Rio de Janeiro(Uerj), que  definiu 2023 como o Ano Comemorativo Ana das Carrancas, em celebração ao centenário da artesã pernambucana. A escolha foi oficializada pela Reitoria por meio da publicação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 001/2023, de 1º de janeiro de 2023.

Para o reitor Mário Carneiro, a Uerj homenageia uma personalidade “que representa a cultura popular brasileira e o desenvolvimento do país. “Pela potência de seu trabalho artístico tornou-se uma figura relevante para a cultura nacional”.

Em Petrolina, professores do curso de Letras da UPE estão definindo uma ação coletiva para vários eventos com outras universidades da região. Uma das ideias é conceder o título de Doutora Honoris  Causa (In memoriam), endossando a trajetória da artista que em vida, recebeu a comenda de Ordem do Mérito Cultural, em 2005, pelas mãos do então presidente Lula e do ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Esta semana, o prefeito Simão Durando, se reuniu com as artesãs herdeiras de Ana, para apresentar um calendário de vários eventos comemorativos em homenagem à artista começando já pelo carnaval que de deve  prosseguir com outras ações educativas e culturais até outubro, mês em que ela faleceu em 2008.

Já em Salgueiro, Sertão Central, a passagem do centenário ocorre em torno do carnavalesco Mestre Jaime, criador da Bicharada, famoso bloco irreverente que agora fica sob o comando o do filho Jaime Concerva Filho.  A passagem de seu aniversário de 100 anos ocorreu no dia 3 de dezembro passado, com uma seresta em sua homenagem e que já faz parte do calendário municipal.

Na próxima semana será aberta na Casa da Cultura, com curadoria do jornalista Emanuel Andrade,  uma  exposição  mostrando suas facetas de folião e boêmio. A Prefeitura também vai render suas homenagens durante os festejos de Momo. Essa será o primeiro carnaval sem Mestre Jaime que morreu por complicações da Covid-19 em janeiro de 2021.