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Família de brasileiros é acusada de tráfico de pessoas nos Estados Unidos

Para Daniel Toledo, advogado e especialista em Direito Internacional, o caso pode ligar um sinal de alerta em pessoas que consideram a possibilidade de entrar ilegalmente no país

O tráfico de pessoas segue como um grande problema social, recebendo cada vez mais atenção nos últimos anos. Milhares de indivíduos são explorados e submetidos a condições desumanas, vítimas de uma rede complexa que opera a nível internacional.

Como um dos destinos mais procurados, os Estados Unidos enfrentam desafios significativos em termos de combate a essa modalidade de crime. Recentemente, uma família de brasileiros foi acusada de traficar pessoas para trabalhar em seus restaurantes, que ficam localizados no estado de Massachusetts. Os acusados são Jesse, Hugo e Chelbe Moraes, pai e filhos respectivamente.

Jesse e Hugo comandavam os restaurantes The Dog House e Taste of Brazil, que empregava imigrantes ilegais em condições análogas a escravidão, com partes de seus salários retidos e em constantes ameaças físicas e de deportação. Enquanto isso, Chelbe, que reside no estado de Minas Gerais, seria o responsável por encontrar as vítimas no Brasil e enviá-las aos Estados Unidos.

De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, o tráfico de pessoas é um fenômeno complexo, que transcende fronteiras e exige atenção por parte das autoridades. “É um crime hediondo, que explora a vulnerabilidade de indivíduos que estão em busca de uma vida melhor. É preciso que existam leis mais rigorosas, fortalecendo a cooperação internacional e garantindo assistência legal adequada às vítimas, oferecendo uma possibilidade para que essas pessoas reconstruam suas vidas com dignidade”, declara.

Para Toledo, o caso chocante da família brasileira é um exemplo dos problemas proporcionados pelo tráfico de pessoas. “Vejo esse acontecimento como um lembrete de que esses fatos não conhecem fronteiras e afetam pessoas de todas as nacionalidades. Processos de fiscalização mais eficientes são fundamentais para oferecer proteção e apoio aos afetados, independentemente de sua origem, garantindo que a justiça seja feita e que esse tipo de exploração não encontre mais espaço”, pontua.

É apontado pelas autoridades que a família também oferecia documentos aos imigrantes para apoiar pedidos de refúgio ou obter autorizações de trabalho.

Após seis meses de investigações, o departamento de justiça do estado de Massachusetts atribuiu novas acusações. O depoimento de um trabalhador do Taste of Brazil revelou que os funcionários ganhavam apenas 30% de um salário mínimo e não recebiam as gorjetas oferecidas pelos clientes. Além disso, trabalhavam aproximadamente 14 horas por dia sem direito a folgas.

O especialista em Direito Internacional acredita que casos como esse podem conscientizar as pessoas a procurarem os meios legais para irem aos Estados Unidos. “Essas pessoas passam meses ou até mesmo anos em situações desumanas simplesmente por terem entrado no país de forma ilegal. São abusadas física e psicologicamente e vivem em constante medo de uma possível deportação. Com essa situação vindo à tona, espera-se que o número de brasileiros que tentam entrar no país de forma ilegal diminua”, finaliza.

 

Governo Federal participa, nos Estados Unidos, de evento nas Nações Unidas sobre riscos de desastres

Reunião na cidade de Nova York, com participação da Defesa Civil Nacional, teve como objetivo avaliar o progresso dos países na implementação dos objetivos e metas do Marco de Sendai

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, participou, nesta quinta (18) e sexta-feira (19), da Reunião de Alto Nível sobre a Revisão Intermediária do Marco de Sendai para Redução de Risco de Desastres,. O evento foi realizado na sede das Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos.

O MIDR foi representado pelo secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, e pelo diretor de Obras de Proteção e Defesa Civil Nacional, Paulo Falcão.

O objetivo do encontro foi avaliar o progresso dos países na implementação do Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres e identificar desafios e oportunidades para acelerar a implementação do marco. Além disso, possibilitar que os países pudessem compartilhar suas experiências. A revisão da implementação do Marco de Sendai também tem como objetivo mobilizar a ação global para aumentar a resiliência diante dos desafios atuais e emergentes, como as mudanças climáticas, a urbanização rápida e a pandemia de covid-19.

Durante o evento, o secretário Wolnei Wolff discursou na Plenária “Traçando caminhos sustentáveis para humanos e natureza” e ressaltou aspectos importantes para o Brasil na implementação do Marco de Sendai, como a necessidade de investimentos em políticas públicas ligadas à proteção e defesa civil e a cooperação internacional para a mitigação de desastres.

“O nosso governo tem trabalhado arduamente para retomar a implementação do Marco, buscando uma aproximação mais estreita com as Nações Unidas e reafirmando o compromisso firme em relação à gestão de riscos e desastres. Temos consciência de que a mudança climática é uma das maiores ameaças à segurança das nossas populações e ao desenvolvimento sustentável do nosso País. Por isso, o Brasil tem se empenhado em aprimorar as políticas de gestão de risco e adaptar-se aos novos desafios impostos pelo aquecimento global”, destacou Wolnei Wolff.

Marco de Sendai

O Marco de Sendai é um acordo internacional que estabelece objetivos e metas para reduzir o risco de desastres em todo o mundo. Ele foi aprovado na 3ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de Desastres, realizada em 2015, em Sendai, no Japão, e dá continuidade às ações definidas pelo Marco de Ação de Hyogo, estabelecendo diretrizes para que os governos locais possam investir no desenvolvimento da resiliência.

Desde o início do ano, o MIDR já repassou mais de R$ 544 milhões para cidades brasileiras afetadas por desastres. Os recursos destinam-se a ações de assistência humanitária, restabelecimento de serviços essenciais, reconstrução de infraestrutura danificada e também à Operação Carro-Pipa, que leva água potável a municípios do semiárido brasileiro.