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Datafolha: Lula supera Bolsonaro, mas perde para Dilma e FH

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovado por 37% dos brasileiros, e reprovado por 27%, de acordo com a pesquisa Datafolha publicada neste sábado. Para 33%, o petista é regular, e 3% não opinaram.

Em relação à desaprovação, o petista só aparece melhor em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (33%), se comparado com outros presidentes nos últimos 30 anos, e até mesmo com seu primeiro mandato. Enquanto Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era desaprovado por 17% no mesmo período, “Lula 1” tinha 11%, e Dilma Rousseff (PT), 10%.

FH (1995): 40% de ótimo/bom; 40% de regular; 17% de ruim/péssimo

Lula (2003): 42% de ótimo/bom; 43% de regular; 11% de ruim/péssimo

Dilma (2011): 49% de ótimo/bom; 38% de regular; 10% de ruim/péssimo

Bolsonaro (2019): 33% de ótimo/bom; 31% de regular; 33% de ruim/péssimo

Lula (2023): 37% de ótimo/bom; 33% de regular; 27% de ruim/péssimo

A avaliação se mantém estável em relação à última pesquisa, feita em 29 e 30 de março. Os números variaram dentro da margem de erro. Antes, a aprovação estava em 38%, e a reprovação, em 29%. E era visto como regular por 30%.

O levantamento considera as avaliações de “ótimo” e “bom” dos entrevistados como aprovação ao presidente, e “ruim” e “péssimo” como desaprovação.

Os dados são similares ao de Jair Bolsonaro, que chegou ao seu sexto mês de gestão sendo aprovado por 33% e reprovado por outros 33%, sendo visto como regular por 31%. A pesquisa considera um empate técnico, considerando os limites da margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A avaliação de Lula em seu terceiro governo, a esta altura do mandato, é pior que a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1995, ele mesmo em 2003, e para Dilma Rousseff (PT) em 2011. Não é possível comparar com Michel Temer (MDB), que assumiu o governo após o impeachment de Dilma com quase um ano e meio do segundo mandato.

A pesquisa foi realizada em 112 municípios do Brasil, nos dias 12 a 14 de junho, com 2.010 respondentes.

Os dados do Datafolha são similares aos do Ipec, publicados pelo GLOBO na semana passada. Segundo aquele levantamento, o grupo que classifica a administração do petista como “boa” ou “ótima” passou de 39% para 37% em relação a abril. Já as avaliações “ruim” ou “péssima” variaram na direção oposta, saindo de 26% para 28%. Os que consideram a gestão “regular” eram 30%, e agora totalizam 32%.

Fonte: Folha PE

Lula poderia aprender algo com Fernando Henrique. Nunca é tarde para ser nobre

Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez o que sabe fazer melhor: usou uma extensa capacidade de argumentação para dizer sem dizer aquilo que queria dizer, mas não podia. Declarou apoio a Lula (PT), embora seja presidente de honra do PSDB, que apoia Simone Tebet (MDB).

Fez isso sem citar o nome do petista, mas usou até as palavras de ordem da campanha do PT. Pediu que seus apoiadores votem “em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual”.

É, também, o que Tebet defende, mas ela não foi citada, apesar de ser a candidata do partido.

O gesto é algo grandioso para Lula, para sua campanha e os petistas ficaram eufóricos pelo que se soube. Como se tivessem marcado um gol importante. É interessante que FHC, hoje, seja importante para Lula.

É mais grandioso ainda vindo de Fernando Henrique, porque até as emas e periquitos do Palácio da Alvorada sabem que o inverso nunca aconteceria. Lula nunca foi capaz desse tipo de grandeza.

Há alguns meses, numa entrevista à Rádio Jornal, Fernando Henrique falou sobre a possibilidade de ainda ser candidato. Na época, em outro gesto de grandeza, disse que não iria porque a política brasileira precisava de renovação e aconselhou Lula a passar o bastão também.

É algo que nunca aconteceu, nem mesmo quando o petista estava preso e prejudicou a campanha de Fernando Haddad (PT) deliberadamente para se manter em evidência, insistindo que era candidato, mesmo quando não havia qualquer possibilidade jurídica de isso acontecer.

Não pode haver crítica à decisão de Fernando Henrique, ele é livre para escolher e generoso para fazer isso acreditando que age em benefício do país. Não se pode esquecer que o outro lado dessa polarização medonha já defendeu que o próprio FHC fosse “fuzilado”.

Mas, Lula, que chamava o tucano de “professor”, quando eram amigos e tomavam cerveja no boteco bem antes de serem presidentes, poderia aproveitar e aprender algo para a vida. Pedir desculpas por ter usado a própria posição para atacar a reputação de FHC por tantos anos, jogando a população contra o responsável pelo mínimo de estabilidade que esse país conquistou, seria um bom começo.

Nunca é tarde para alguma nobreza.

 

 

Fonte: Igor Maciel