Por Ricardo Antunes
Dizem que uma mentira repetida muitas vezes vira verdade. Essa é a origem das fake news, cuja mais nova “não novidade” vem sendo a aliança que o prefeito João Campos (PSB) cultura com os Coelhos de Petrolina. Os socialistas juram de pés juntos, beirando o sacrilégio, de que a costura compensaria a saída do PSD, que passou a integrar a base de Raquel Lyra. Nada mais amador e sem credibilidade. Os Coelhos não rendem nada ao PSB para as eleições municipais.
Com isso, essa conversa de que ele deu “o troco a Raquel Lyra” é conversa mole. O grupo liderado pelo ex-senador FBC e pelo ex-candidato a governador Miguel Coelho não controla nenhum partido. Zero. Enquanto o pai encontra-se no MDB, sigla que também negocia apoio a Raquel, seus três filhos estão filiados ao União Brasil, controlado pelo deputado Luciano Bivar e que já possui cargos na gestão de João Campos.
Ou seja, mais do que um castelo de areia, a pífia aliança expõe a fragilidade e imaturidade do filho de Eduardo Campos. Embora tenha aprovação nas pesquisas eleitorais, João não tem base partidária. Nos últimos dois anos, viu PP, Avante e PSD deixarem a gestão. O MDB pode estar próximo, e o Republicanos, que caminha para ter Silvio Costa Filho como ministro de Lula, também pode desembarcar, já que estará sob orientação direta do presidente da República, que inclusive colocou suas digitais no desembarque do PSD, apontam fontes de bastidores.
Aa rapaz, só resta negociar com Sebastião e Valdemar de Oliveira para ter o Avante, que acrescentaria pouquíssimo tempo de propaganda eleitoral. O PSB, que também encolheu, está hoje nas mãos do União Brasil (leia-se Bivar, e não Miguel) para viabilizar uma candidatura competitiva, e precisa negociar fortemente com o PT, cujas lideranças externam sem nenhum constrangimento o desejo de voltar a governar o Recife.
Uma movimentação petista leva automaticamente PV e PCdoB junto, já que o trio forma uma federação partidária. Resta também o PDT, mas este é comandado por José Queiroz, que sempre costurou o apoio na Capital com uma aliança em Caruaru, onde hoje é pré-candidato. Ou seja, ele estaria mais propenso a negociar com o PDT do que com os socialistas.
O cenário hoje é preocupante para um candidato à reeleição que não dispõe de base ampla. Com uma bancada própria na Câmara de Vereadores de 12 dos 39 vereadores, os socialistas terão dificuldade de abrigar os aliados em outras legendas, o que deve tumultuar ainda mais o ambiente.
A agonia deve perdurar até depois das convenções. A conferir.