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Especialista alerta para uma nova realidade das crianças brasileiras: A Obesidade Infantil

Overweight girl using scales near measuring tape on wooden floor, closeup

Jackeline Pires de Souza, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera analisa pesquisa da OMS, que aponta para o total de 11,3 milhões de crianças obesas até 2025 no Brasil

A obesidade infantil é a nova realidade entre crianças brasileiras, isso é o que dizem pediatras, nutricionistas e órgãos de saúde de todo o Brasil. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição, (PNAN), reconheceu, em 2022, que a obesidade é, atualmente, um problema de saúde pública. Segundo o último levantamento do órgão, realizado em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), mais de 340 mil crianças brasileiras entre 5 e 10 anos possuem obesidade. Outra pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que o Brasil terá 11,3 milhões de crianças obesas até 2025, caso o Ministério da Saúde não encontre soluções eficientes para o problema nos próximos anos.

Para a professora de Nutrição da Faculdade Anhanguera, Jackeline Pires de Souza, os altos índices são reflexo de maus hábitos alimentares entre crianças. “É importante que os pais mantenham os filhos em consultas regulares com o médico-pediatra para, assim que o problema for diagnosticado, ele indique o melhor caminho, com o auxílio de um nutricionista”, alerta.

A especialista explica, que para determinar se uma criança é obesa, é necessário calcular o índice de massa corporal (IMC), que é uma medida que leva em consideração a altura e o peso das pessoas, sendo calculado o peso em quilogramas pela altura em metros ao quadro.

“Uma criança é considerada obesa quando seu IMC está acima do percentual 95 para seu sexo e idade. Os dados apresentados pela OMS são o reflexo da má alimentação das crianças, alinhadas ao sedentarismo. Outro exemplo, é que a alimentação dos pequenos está altamente industrializada e há um crescente consumo de doces, fast foods, congelados, bolachas, salgadinhos, embutidos, entalados, entre outros. A OMS apontou também que 47% dos brasileiros estão sedentários, e que esse problema pode levar cerca de 500 milhões de pessoas a desenvolverem doenças cardíacas, obesidade, diabetes e outras doenças não transmissíveis até meados de 2030”, reforça a especialista.

Jackeline Pires de Souza orienta ainda a realização de no mínimo, 60 minutos de atividade aeróbica moderada por dia para crianças e adolescentes e cerca de 150 e 300 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana para adultos. Para a docente da Anhanguera, com o desenvolvimento da tecnologia, por exemplo, faz com que muitas crianças e jovens fiquem mais tempo no computador, celular, tablet e televisão o que, consequentemente, as afastam de atividades que desenvolvam sua parte física.

“O núcleo familiar tem papel essencial para os altos índices desses dados caírem. A família é um exemplo, em uma casa onde todos são sedentários e se alimentam errado, as crianças vão seguir os mesmos hábitos. Por isso, os pais devem começar a se alimentar de maneira saudável e fazer algum tipo de atividade física, dando exemplo para as crianças desde cedo. Quando o problema for identificado, o essencial é a família buscar apoio profissional do médico-pediatra, juntamente com o nutricionista”, ressalta Jackeline Pires de Souza.

Especialistas alertam para os cuidados sobre obesidade infantil

Mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade no Brasil até meados de setembro deste ano. Os dados são do relatório público de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional. Em 2021, o Programa Especial de Atenção Primária à Saúde diagnosticou cerca de 356 mil crianças acima do peso.

Os números são preocupantes, segundo especialistas. A diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Jacqueline Rizzoli, destaca que é preciso trabalhar a prevenção contra o problema desde cedo.

“A obesidade é um grande problema de saúde pública não só no Brasil, como em todo o mundo, tem aumentado em todas as faixas de idade, mas realmente, a faixa-etária mais precoce, ainda na infância, é onde precisamos trabalhar com mais intensidade para a prevenção”, comenta a médica. “A pessoa que já inicia já nos primeiros anos de vida com obesidade, tem uma tendência muito maior a se tornar um adolescente obeso e futuramente um adulto obeso”, observa a endocrinologista do Hospital São Lucas, da PUC do Rio Grande do Sul,.

A obesidade em crianças e adolescentes resulta de uma série complexa de fatores genéticos e comportamentais que envolvem famílias e escolas. Se não tratada, pode causar problemas como infarto, inchaço dos vasos sanguíneos e acidente vascular cerebral (AVC).

Dados do Sistema Único de Saúde apontam que o maior índice de crianças obesas nessa faixa etária de 5 a 10 anos do país está na região Sul (11,52%). Em seguida aparecem as regiões Sudeste (10,41%); Nordeste, (9,67%); Centro-Oeste (9,43%); e Norte (6,93%).

Médicos da área apontam que, no Brasil, os maiores vilões pelo excesso de peso na infância são os alimentos ultraprocessados. Batata frita, macarrão instantâneo, cachorro quente, doces e balas, sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, barras de cereais, chocolates e iogurtes estão entre os alimentos mais consumidos.

A pediatra e gastroenterologista responsável pelo ambulatório de obesidade do Hospital da Criança de Brasília, Jaqueline Rosa Naves, alerta que os impactos da obesidade infantil na saúde são muito maiores na vida adulta. Por isso, a educação alimentar é fundamental.

“É importante a gente ter em mente de que, na pirâmide de tratamento da obesidade, a base é a mudança de estilo de vida, que consiste na adequação alimentar, rotina de sono, atividade física, adequação da dinâmica familiar”, orienta.

Fonte: Brasil 61