Tag: Transposição do São Francisco

No semiárido nordestino, população se mostra otimista com reta final de obras da transposição do São Francisco

Presidente Lula anunciou conclusão do Ramal do Apodi para 2025. Estrutura vai garantir água em quantidade e qualidade para 750 mil pessoas em 54 cidades da região

A garantia de conclusão das obras do Ramal do Apodi até 2025, como anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,é motivo de comemoração para moradores de municípios da Região Nordeste que sofrem historicamente com a seca e a estiagem. Estrutura integrante do Projeto de Integração do Rio São Francisco, o Ramal vai beneficiar 750 mil pessoas em 54 cidades do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. 

“A importância dessa obra é enorme, pois a chegada da água vai beneficiar milhões de pessoas”, afirmou o mecânico Mário Sérgio de Oliveira, 43 anos, morador de Luís Gomes, no Rio Grande do Norte, e um dos trabalhadores da obra do Ramal do Apodi. “Eu me sinto orgulhoso. Além de ser nordestino, estou ajudando a fazer um serviço que vai melhorar o Nordeste, inclusive, na parte da alimentação. Nosso presidente voltou com força total para continuar a fazer obras para chegar água no sertão e realizar o sonho de muita gente”, destacou.

O presidente Lula, que, na semana passada, visitou pela primeira vez em seu terceiro mandato as obras da transposição, destacou que, desde a época do Império, que se pensa nas riquezas do Rio São Francisco. “Mesmo sendo um desejo antigo, foi só em 2007, no meu segundo governo, que começamos esta obra. Voltar aqui, anos depois, é muita felicidade. Vamos levar água a mais municípios do Nordeste”, comemorou o presidente, que esteve nas obras do Ramal do Apodi acompanhado dos ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Casa Civil, Rui Costa, e da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras Familiares de São José de Piranhas, na Paraíba, Gerlândia Moraes também destacou a atenção do Governo Federal à transposição do São Francisco. “A relevância desse projeto é muito grande, pois a gente segue na seca aqui no sertão. As dificuldades com a falta d ‘água fazem crianças e idosos sofrerem. Eu já vi de perto essa situação. Não li em nenhum livro, nem assisti na televisão”, comentou. “Essa obra é uma libertação do povo nordestino. Agora, graças a Deus e ao presidente Lula, a gente estará livre dessa seca que assola sempre a nossa região”, apontou Gerlândia.

Morador de Major Sales (RN), Maciel Aquino contou que a chegada da água da transposição ao Rio Grande do Norte é um sonho de infância. “Nos anos 70, meu pai já passava para a gente que estava chegando água da Bahia, mas só agora, em 2023, o sonho voltou a ficar próximo”, destacou.

Outro a comemorar os esforços do Governo Federal para concluir as obras hídricas é o comerciante Flauberto Silva, de Luís Gomes (RN). “Sempre passamos muita necessidade com relação à água, mas agora tenho esperança novamente”, comentou. “E hoje a gente tem uma riqueza que está chegando, que é a transposição do Rio São Francisco. Vai mudar a vida de todos nós”, concluiu.

O ministro Waldez Góes ressaltou o compromisso do Governo Federal com a conclusão das obras da transposição. “Os dois governos Lula [de 2003 a 2010) e o de Dilma [Rousseff] foram responsáveis por investir em torno de 90% das obras (88% do total). A transposição de São Francisco é um legado do presidente”, afirmou o ministro. “Quando assumimos, no início de janeiro, a maioria das obras hídricas estava com previsão quase nenhuma de recurso para este ano. Mas o presidente tomou as providências para mudar essa realidade e concluir as obras necessárias em todo o País”, disse.

 Novo PAC

O Ramal do Apodi é uma das obras previstas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no eixo Água Para Todos. Estão previstos mais de R$ 31 bilhões em investimentos em projetos de segurança hídrica, mais de 90% desse total destinados à Região Nordeste – o MIDR é responsável por pouco mais da metade desses recursos, R$ 16,5 bilhões. “É a maior demonstração do compromisso do Governo Federal de, definitivamente, atuar na solução hídrica para todo o povo brasileiro”, ressaltou Waldez Góes.

As obras do Ramal começaram há dois anos e têm, atualmente, 27% de sua execução já concluída. A previsão é que a obra se estenda por 52 meses, a partir do início dos trabalhos. No Rio Grande do Norte, o ramal receberá o túnel Major Sales, com 6,3 quilômetros de extensão, ligando o estado à Paraíba.

Transposição do São Francisco terá gestão privada. Proposta do governo é que operação seja feita por PPP

A Transposição do São Francisco, conjunto de canais que leva água para Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, é alvo da atenção do governo Federal. Nesta segunda-feira (27), o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) formalizaram contrato para estabelecer uma nova modelagem da gestão das operações do Projeto. A proposta é que ela ocorra por meio de uma Parceria Púbico Privada (PPP) patrocinada.

A nova modelagem será desenhada pelo BNDES, a partir do diálogo com o Governo Federal, por meio do MIDR e da Casa Civil da Presidência da República, e os governos dos estados que participam do Projeto de Integração do Rio São Francisco: Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A discussão não é nova. Desde a fase de obras da Transposição se discutia como seria a operação. O governo Federal se responsabilizaria nos primeiros anos, mas iria se retirando gradativamente. A polêmica gira em torno do alto valor de manutenção dos canais. Segundo o governo, o custo anual é de R$ 300 milhões.

“A assinatura deste contrato é um passo fundamental para garantir o fornecimento de água para a população, pois vai definir a modelagem de uma concessão que assegure a gestão eficiente e sustentável do sistema que abastece os estados nordestinos”, avalia o ministro.

EXECUÇÃO DO CONTRATO

Já na próxima semana, o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES, Nelson Barbosa, que participou do ato de hoje no MIDR, apresentará à Coordenação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil o cronograma inicial de execução do contrato, que contempla as diversas fases do projeto, como diagnóstico, consultas públicas e modelagem do edital de concessão de serviços, entre outras.

Segundo Waldez Góes, a nova modelagem da gestão da transposição do São Francisco vai ampliar as estratégias de promoção e desenvolvimento regional, por meio de alternativas inovadoras, como a geração de energias renováveis e a integração de perímetros irrigados.

“É uma agenda importante, à medida em que busca fazer frente às necessidades da região e do entorno do Projeto São Francisco. O diálogo prevaleceu para viabilizar o contrato, foi uma construção transversal”, destaca Góes.

A obra da Transposição demorou quase uma década e meia (14 anos) para ser concluída. Foram dez anos de atraso, levando em conta o prazo inicial. O empreendimento custou R$ 14,6 bilhões para levar água aos municípios do semiárido dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Distribuída entre os eixos Norte e Leste, a Transposição se estende por mais de 477 km de extensão, atendendo a 390 municípios e beneficiando uma população de 12 milhões de pessoas (mais do que todo o Estado de Pernambuco).

Fonte: Jornal do Commercio