Um relatório emitido pela Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde do Recife (Sevs) identificou irregularidades no tratamento dos alimentos do restaurante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A investigação foi feita após um surto de intoxicação alimentar entre os estudantes no mês de setembro.
O relatório foi feito no dia 3 de setembro, dois dias após os alunos manifestarem sintomas como diarreia, náuseas, vômitos e dores abdominais. De acordo com o laudo, o local onde os estudantes se alimentavam possuía problemas de armazenamento dos alimentos, bem como na recepção e manejo da comida. Foram identificadas as bactérias Bacillus cereus, Staphylococcus aureus e Salmonella Spp nos produtos. Elas podem ter sido as principais causadoras dos sintomas.
Na época do surto de doenças, os estudantes fizeram uma pesquisa para saber quantas pessoas desenvolveram os sintomas após consumirem a comida do refeitório da UFPE. O levantamento, feito através de um formulário do Google, identificou que pelo menos 1.290 pessoas tinham passado mal com a comida do dia 1º de setembro.
Logo após isso, os alunos enviaram os dados para a Vigilância Sanitária, que também fez um levantamento, que apontou 507 pessoas doentes. O número foi bem menor do que o apresentado pelos estudantes da universidade. A Vigilância Sanitária destacou que o “formulário oficial já é representativo para uma análise epidemiológica”.
A vistoria realizada pela secretaria identificou problemas como:
- Presença de entulho e insetos onde os alimentos eram recepcionados;
- Armazenamento feito de forma errada;
- Data de validade dos produtos ilegível;
- Alimentos sem embalagens ou com embalagens impróprias;
- Possibilidade de vazamento de gás;
- Molho utilizado na refeição do dia 1° armazenado à temperatura ambiente, ao contrário do recomendado pelo fabricante;
- Funcionários do restaurante com pouca segurança no ambiente de trabalho.
Diante do cenário encontrado pela secretaria, a empresa responsável pela administração do restaurante da universidade, General Goods, foi notificada para que fosse feita uma melhoria no ambiente e tratamento dos alimentos.
Durante a inspeção, a autoridade de saúde emitiu um aviso oficial à empresa, invalidando os produtos inadequados para consumo e recolhendo amostras dos alimentos das três refeições em 1° de setembro, bem como da água, para a análise subsequente.
Outras inspeções também foram feitas nos dias 2, 3, 4, 5, 11, 13 e 15 de setembro e 6 de novembro. A última vistoria foi realizada no dia 18 de dezembro e constatou que a empresa havia cumprido todas as recomendações.
UFPE emite nota de esclarecimento
A Universidade Federal de Pernambuco publicou em seu site oficial uma nota de esclarecimento para ressaltar que “atuou à disposição da comunidade com suporte do Núcleo de Atenção à Saúde do Estudante (Nase), em visitas às Casas de Estudantes para orientação e encaminhamento para redes de serviços de saúde”.
A universidade também informou que a reabertura do Restaurante Universitário (RU) compõe uma parte das políticas de assistência estudantil da UFPE, onde é disponibilizado orçamento anual consistente.
Além disso, segundo a UFPE, as “informações foram repassadas para as representações dos Diretórios Acadêmicos Estudantis em reunião, no dia 5 de dezembro, com participação do corpo administrativo da instituição”.
A nota ainda afirma que “antes da divulgação do relatório, durante o processo de apuração, a UFPE tomou medidas administrativas para ampliar as ações de fiscalização e acompanhamento do serviço no restaurante”.
A empresa General Goods também ampliou seu quadro e fez substituições do responsável técnico.
Fonte: Diário de PE