O sociólogo italiano Domenico De Masi morreu neste sábado, 9, aos 85 anos. De acordo com a imprensa italiana, ele descobriu uma doença invasiva em 15 de agosto. O jornal Corriere Della Sera informou que os médicos do Hospital Policlínico Gemelli, em Roma, deram poucos dias de vida para o sociólogo.
Criador da teoria do “ócio criativo”, De Masi defendia que o cérebro não pode ser forçado a produzir quando já está saturado de informações. E, quando a pessoa se encontra satisfeita, as ideias tendem a chegar de forma inesperada, o que torna necessário conciliar trabalho, estudos e lazer, sem se sobrecarregar em nenhum momento.
Nascido em 1º de fevereiro de 1938, na comuna de Rotello, De Masi era professor emérito de Sociologia do Trabalho na Universidade “La Sapienza”, de Roma. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu a sua pesquisa orientada para a sociologia do trabalho e das organizações. Entre as bandeiras do sociólogo, estavam a redução da jornada de trabalho e o trabalho remoto.
No campo político, o sociólogo se aproximou do Movimento 5 Estrelas, um partido antissistema. Pelas redes sociais, o presidente do Movimento 5 Estrelas, Giuseppe Conte, disse que De Masi tinha uma refinada inteligência e coragem e amor pelo conhecimento.
“Para mim e para o Movimento 5 Estrelas, ele foi um amigo sincero e um interlocutor privilegiado”, afirmou.
Desemprego, uma construção social
Autor de dezenas de livro, De Masi enxergava três grandes fatores de transformação no mercado de trabalho até 2030: o aumento do uso da tecnologia, a feminilização e a globalização. “A tecnologia também mudará o mundo do trabalho: a engenharia genética curará muitas doenças, a inteligência artificial substituirá parte do trabalho intelectual”, afirmou o sociólogo em entrevista concedida ao Estadão em 2017.
Na avaliação dele, seria possível produzir mais bens e serviços com menos trabalho humano. “Nos países avançados, 25% dos trabalhadores serão operários, 25% serão empregados e metade fará trabalhos criativos. É uma grande transformação.”
Dois anos mais tarde, em outra entrevista para o Estadão, De Masi defendeu que o desemprego era uma “construção social” e que poderíamos ter todos os “desempregados ocupados imediatamente”.
“Por exemplo, um alemão trabalha 1.400 horas ao ano, em média. A ocupação é de 79%. O desemprego é de 3,8%. Na Itália trabalhamos 1.800 horas ao ano, veja que loucura! Os italianos trabalham 400 horas a mais que os alemães! E temos 58% de ocupação e 11% de desemprego. Se na Itália trabalhássemos 1.400 horas não existiria nenhum desempregado. O desemprego é uma construção social, não é uma fatalidade”, afirmou.
Fonte: Jornal Correio