O filósofo René Descartes definiu a admiração como “a primeira” das seis paixões primitivas, na sua obra As Paixões da Alma, de 1649: “A admiração é uma surpresa repentina da alma” ✨
E esta paixão é a que arrebata a filósofa belga Helen de Cruz.
“Descartes teve uma visão profunda com a ideia de que existem seis emoções: a admiração, o amor, o ódio, a tristeza, a alegria e o desejo”, disse ela à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Todas essas emoções são fundamentais, mas não são todas iguais. E a admiração é a mais diferente entre elas.
“Todas estas emoções fazem avaliações: quando você odeia alguma coisa, você diz ‘não é útil para mim’; quando ama, diz ‘é útil’. Se algo faz você feliz, você pensa que é bom, mas, se entristece você, é ruim”, explica Cruz.
“Mas a admiração não faz avaliações. Ela simplesmente observa em seus próprios termos.” E, para a filósofa, esta qualidade é fundamental.
“Parece que, hoje em dia, sempre que fazemos algo, pensamos: ‘Será que é útil?’ ‘Como irá nos ajudar?'”, prossegue ela.
“A nossa mentalidade é esta: tudo precisa ser útil, até os seus hobbies, é preciso maximizar o produto. E isso mata a admiração. Este é o antídoto contra o deslumbramento.”
Maravilhar-se com o mundo é um aspecto fundamental da nossa humanidade. O deslumbramento incentiva novas ideias e invenções que alimentam e enriquecem nossas vidas, individual e coletivamente, argumenta a filósofa.
Fonte: Terra